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Moradores da Capital organizam lista com 90 pedidos de melhorias para bairros da Zona Norte

O documento foi entregue ao executivo em fevereiro de 2023; principal reclamação é sobre a falta de estrutura do Arroio Passo da Mangueira 

26/01/2024 - 13h43min

Atualizada em: 08/02/2024 - 13h30min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Anselmo Cunha / Agencia RBS
No local, é possível visualizar pontos de desmoronamentos no muro do canal

Passados mais de um ano desde que moradores encaminharam à prefeitura uma lista com 42 pedidos de melhorias nos bairros Jardim Itu e Jardim Sabará, na zona norte da Capital, em agosto e dezembro de 2022, houve poucos avanços. Por isso, eles decidiram reunir as reivindicações em uma nova listagem. Somados os velhos aos novos problemas, o número mais que duplicou: foram 90 solicitações, entregues ao Executivo em fevereiro de 2023. 

Sete meses após o envio do documento, em setembro, representantes da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosman) da Câmara de Vereadores, do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) visitaram a comunidade. Conforme explica Joaquim Ramos, 68 anos, fundador do Conselho Comunitário Itu Sabará e morador da região há 17 anos, houve promessas de soluções. No entanto, conta que poucas foram as mudanças até o momento: 

– Achamos que as coisas iam melhorar depois da visita. Estamos sempre em contato com os órgãos públicos, mas um joga o problema para o outro e, assim, ninguém resolve nada. 

Arroio 

Reparos na iluminação pública, asfaltamento de vias, podas de árvores e manutenção de praças são alguns dos impasses citados como problemas dos bairros. Contudo, a principal reclamação permanece sendo a mesma: a falta de estrutura do Arroio Passo da Mangueira, localizado na Avenida Professora Paula Soares. 

Com pontos de desmoronamentos no muro do canal, causados por raízes de árvores que adentram o solo e afetam a estrutura, a reforma é uma das reivindicações mais antigas. São mais de 10 anos que a comunidade apresenta o tema como prioridade no Orçamento Participativo. 

– Já contei mais de 30 pontos de queda do muro, que é antigo e precisa ser restaurado. Mas, antes, é preciso retirar as árvores que estão crescendo até dentro do córrego – explica Joaquim. 

Outro ponto que preocupa é a insegurança do local. Isso porque, em períodos chuvosos, é comum que aconteçam enchentes na região. Como não há um muro de contensão, quando as ruas alagam, motoristas têm dificuldades de enxergar: 

– Já houve acidentes aqui nessa região por conta disso. As árvores também impedem a visibilidade. Muitos já caíram aqui – conta a vice-diretora de escola, Sônia Migliavasca, 64 anos, moradora da região há 22 anos.

Protestos 

Alvo de manifestações que aconteceram há cerca de dois meses, torres de alta tensão instaladas pela CEEE Equatorial são criticadas pelos moradores. A reclamação ainda não entrou na lista atual, mas é uma queixa frequente, segundo relata Joaquim. 

As torres, que medem mais de 20 metros, prejudicam a visão de quem mora em prédios. Quatorze delas foram interditadas pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) recentemente. 

Conforme explica a entidade, entre as causas estão a falta de diálogo com a comunidade e, também, o não cumprimento do distanciamento mínimo entre as torres e as construções. 

– Às vezes dá confusão. A Brigada (Militar) já até precisou intervir. O problema é que ninguém nos consultou quanto à colocação. São vários postes enormes espalhados pelo bairro – reclama Joaquim. 

Solução não foi completa

A colocação de muros de proteção em uma ponte que fica sobre o Arroio Mangueira, localizada na esquina das ruas Professor Paula Soares e Lopes Teixeira, era também uma reinvindicação antiga. A reforma foi concluída em julho. O trabalho envolveu a revitalização da estrutura e colocação de guarda-corpos. 

Mas o problema não está totalmente resolvido. Conforme relata Sônia, logo abaixo da ponte, ainda há rachaduras no muro que indicam que poderá ser um novo ponto de desabamento, se não for restaurado logo.  

– É sempre uma preocupação, e a gente se sente um tanto impotente. Porque vemos uma melhora e surgem outros mil problemas – desabafa. 

Em comparação à listagem anterior, duas novas praças apresentam necessidade de melhorias. São elas: Praça Luiz Carvalho, Mauri Meurer, Coinma, David Ben-Gurion e Miguel Anibal, além de Genta e Parque Brigada Militar.


Processo judicial impede reforma

A Cosman informa que a reforma do Arroio deve ser prioridade para as discussões deste ano. Em relação às árvores do córrego, a Smamus afirma que concedeu ao Dmae a licença para retirada. 

O departamento, por sua vez, alega que as obras de manutenção do local estão parcialmente interrompidas devido a uma ação do Ministério Público (MP) que questiona a falta de reparo dos muros. Só após o fim do processo judicial é que o projeto de reconstrução poderá receber verba do orçamento público e ser retomado. Apesar disso, o Dmae diz que deve priorizar a restauração em dois trechos que apresentam maior precariedade, próximos ao número 969 e 1.891. Até o fechamento da matéria, o MP não respondeu aos questionamentos da reportagem. 

Em relação às torres de alta tensão, a CEEE Equatorial contestou o embargo, que ainda está sendo avaliado pela Fepam. A empresa diz que as torres fazem parte de um planejamento de construção de uma nova linha de distribuição de energia na zona norte da Capital.

Produção: Nikelly de Souza



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