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Daniel, sobre a falta do parceiro João Paulo: "Se não fosse por ele, eu não estaria aqui"

No lançamento do DVD gravado em sua cidade natal, Brotas, o cantor fala sobre as parcerias musicais e sobre a saudade do ex-companheiro de dupla, falecido em 1997

01/01/2016 - 19h01min

Atualizada em: 01/01/2016 - 19h01min


José Augusto Barros
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Marcos Hermes / Divulgação

Aos 47 anos, o cantor sertanejo Daniel já experimentou algumas sensações na vida. Pai de duas filhas, cantor de sucesso, que arrebata multidões por onde passa, mais de 13 milhões de cópias vendias, já fez filmes no cinema e novelas na televisão, foi técnico do programa The Voice e até já gravou um musical, em um DVD ao estilo da Broadway. Agora, sem se acomodar, ele volta às suas origens, grava o primeiro DVD em sua cidade Brotas, e ousa, ao regravar canções distantes do universo sertanejo, de nomes como Tim Maria, Guilherme Arantes e Raul Seixas.

Por telefone, de Brotas, interior de São Paulo, o sempre simpático sertanejo concedeu entrevista exclusiva à Retratos da Fama. Falou com empolgação do DVD, de sua cidade, lembrou da atuação na telinha e lembrou do parceiro com quem fazia dupla, João Paulo, morto em 1997.



Uma volta às origens

O novo DVD de Daniel, Daniel In Concert em Brotas (R$ 29,90), é uma volta às origens. O disco foi gravado em dezembro de 2014 no Cine São José, em Brotas, no Interior de São Paulo, um dos cinemas mais tradicionais da cidade, reformado por ele em 2009, após 20 anos de portas fechadas.

O local traz recordações especiais para o sertanejo, pois ali, funcionava, além do cinema, a Rádio Brotense AM e um teatro, onde Daniel participou de seus primeiros festivais de música. 

- Este lugar é especial para mim, de uma energia indescritível e poder voltar a este palco me traz muita emoção e realização - conta.

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Repertório contempla MPB e rock

Para o registro, o cantor selecionou, ao lado do diretor Marcelo Amiky, sucessos de nomes que fazem parte de sua memória afetiva, e os apresentou com novos arranjos, orquestra de cordas e uma banda de luxo.

Entraram no repertório as canções mais populares de nomes populares da nossa MPB, como Guilherme Arantes (Cheia de Charme), Tim Maia (Primavera), José Augusto (Chuvas de Verão), Márcio Greyck (Impossível Acreditar), Raul Seixas (Gita), Peninha (Sonhos), Jessé (Voa Liberdade), além de alguns sucessos de Daniel.

O astro convidou para o projeto seu pai, José Camillo (foto abaixo), Carlinhos Brown, Renato Teixeira, Rick Sollo, Roberto Leal e Sérgio Reis. Em novembro, o show estreou em São Paulo. Em 2016, o show seguirá pelo país, em um um formato menor do que o utilizado na gravação:

- É um show que se permite ser intimista. Gosto dessa relação, do público que gosta de sentar e ouvir uma boa música.
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Ator de novela e fã de Raul Seixas

Durante sua participação em Paraíso (2009), Daniel conheceu o ator Eriberto Leão. Na época, já era fã de Raul Seixas, mas um detalhe o levou a gostar ainda mais do Maluco Beleza:

- Sempre fui fã do saudoso Raul Seixas. Aos 15 anos, cantava as músicas dele num barzinho chamado Bate-Papo, em Brotas. Entre elas, Gita. Quando fiz a novela, conheci o Eriberto e estabelecemos uma ligação muito forte. E ele vivia cantarolando Gita. Disse a ele que um dia gravaria essa canção e aí está! Nos intervalos das gravações pegávamos o violão e formávamos aquela roda com muitos atores ligados à música, como o Alexandre Nero. Até o Reginaldo Faria tocava.
<TITULO COLUNA 1>
"Queria fazer algo diferente, uma virada de página"

Retratos da Fama - Como surgiu a ideia de registrar canções distantes do universo sertanejo?

Daniel -
Escolhi um repertório bem variado, canções que eu ouvia quando pequeno, e adolescente, e de ídolos, como José Augusto, Jessé, Peninha, Guilherme Arantes.

Retratos - E as participações especiais, te levaram a uma aproximação com outros gêneros?

Daniel -
Sim, tive a honra de gravar com Sérgio Reis, Renato Teixeira. Eu sempre gostei de ouvir nomes da Jovem Guarda, por exemplo, além, é claro, dos sertanejos, cuja minha grande referência é a dupla João Mineiro & Marciano. A música popular sempre foi muito presente na minha vida.

Retratos - No seu DVD anterior, 30 Anos - O Musical, lançado em 2013, você fez um espetáculo grandioso, um musical, com bailarinos, uma grande celebração. Tinha a ideia de fazer algo diferente neste projeto?

Daniel -
No anterior, eu comemorei 30 anos de carreira. Queria fazer diferente, uma espécie de virada de página, algo que me identifico.  Pensamos em chegar a uma sonoridade diferente, para trazer arranjos diferentes, que ficassem harmoniosos.

Retratos -  E a participação de Roberto Leal (foto abaixo)? Qual sua relação com Portugal?

Daniel -
Eu canto com ele Verde Vinho. A minha avó, dona Olinda, veio de Portugal, coloquei a canção no CD para homenageá-la, pois ela cantava essa música para mim, em minha infância. Tenho a alegria de ter ido com minha avó a Mira, em Portugal, onde  nasceu. Ela faleceu aos 98 anos, mas deixou um exemplo de vitalidade. 

Crédito: Marcos Hermes/Divulgação


 

Crédito: Marcos Hermes/Divulgação


Retratos - Novamente, você gravou com seu pai (José Camillo, 78 anos, que também participou do DVD 30 Anos - O Musical, em 2013). Ele é seu exemplo?

Daniel - Ele canta duas canções comigo. Desde que eu me entendo por gente, canto. Na minha casa, todo mundo gosta de música, principalmente ele. E o pai sempre esteve muito presente. Foi ele, por exemplo, quem começou a me ensinar a separar a primeira e a segunda voz, e a me firmar na minha própria voz. Lembro dele falando: "tampa os ouvidos, se escute". Eu tinha cinco ou seis anos.

Retratos - E a aproximação com Carlinhos Brown, como se deu? 11918737
Daniel -
Durante as edições do The Voice (Daniel foi técnico em três edições do programa (de 2012 a 2014), um laço de amizade nos fortaleceu, a cada dia que convivíamos, nas gravações. É um cara que faz parte do meu convívio.

Retratos - E a experiência como técnico do programa, como foi, o que lhe acrescentou (Daniel foi substituído por Michel Teló)? 

Daniel -
O The Voice me trouxe um fortalecimento grande, no sentido de valorizar ainda mais o ecletismo na música. E acredito que deixa mais claro que a música brasileira passeia por vários gêneros. Por exemplo: acredito que o sertanejo tem um pouco de pop, do axé, do samba, do country americano. Nossa música dá uma passeada por vários ritmos, sem perder a identidade.

Retratos - Como foi a experiência de gravar o DVD Brotas, sua cidade de origem (o cantor também reside na cidade)?

Daniel 
- Me deixou muito à vontade. Se não estou lá, estou em Jundiaí (cidade natal da esposa, Aline. Eles são casados e pais de Lara 6 anos e Luiza, 3, foto abaixo). Grande parte das pessoas que convivo estavam lá, pessoas que fazem parte da minha família e pessoas do povo que conheço. Brotas é uma cidade turística, recebe pessoas de fora, e foi gostoso ver essa reunião na gravação do DVD.



Retratos - Como é sua relação com a viúva do João Paulo?E a saudade dele, como administra?

Daniel -
Olha, eu tenho uma relação muito boa com ela, tenho um carinho muito grande. Foram 16 anos de convivência com João Paulo. Sua presença foi fundamental, não estaria aqui se não fosse por ele, sinto fala dele, sempre.
Depois que ele faleceu, só não parei porque não encontrei outra profissão. E hoje, não me vejo fazendo outra coisa. A perda dele foi muito complicada, difícil de superar. Mas o dia a dia também é complicado, temos os nossos obstáculos e as nossas barreiras.

 
Crédito: Arquivo Pessoal

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