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Luto na Tevê

Considerado perigoso, local onde ator se afogou não tinha placas nem salva-vidas

Pescadores criticam a falta de alerta e de salva-vidas no trecho do rio onde Domingos Montagner se afogou. Salvamentos de turistas são comuns na região

16/09/2016 - 15h59min

Atualizada em: 16/09/2016 - 16h14min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
AgNews / AgNews
Local onde Domingos Montagner se afogou atrai pela beleza, mas é arriscado

Em meio ao clima de consternação na pequena Canindé de São Francisco, cidade com população em torno de 25 mil habitantes, depois da trágica morte do ator Domingos Montagner, afogado no Rio São Francisco, os pescadores locais sentem como se este fosse um perigo anunciado.

O trecho conhecido como Prainha, onde o ator, juntamente com a colega Camila Pitanga banhava-se, apesar do nome, não é adequado ao banho. Mas só quem é dali sabe disso. O presidente da colônia de pescadores da cidade, Jamesson Magno de Souza, 37 anos, que há 15 tira o seu sustento das águas do São Francisco, conversou com a reportagem do Diário Gaúcho.

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Diário Gaúcho: Como aquele trecho onde Domingos Montagner faleceu é conhecido entre os pescadores locais?
Jamesson Magno:
É um lugar proibido. Perigoso até para quem tem barco pequeno ou com motor fraco. Porque é um ponto onde a hidrelétrica libera água e forma uma correnteza muito forte. Como tem muitas pedras no fundo, formam aquelas "panelas d'água" (redemoinhos) a todo tempo. São uns 30 metros de profundidade. Para uma pessoa com toda a condição física, é muito difícil nadar ali. A Camila teve muita sorte.

Diário Gaúcho: Mas é um lugar lindo. Atrai o olhar do turista?
Jamesson Magno:
Esse é o perigo. Quem é morador, nem chega perto. Mas é um lugar lindo demais, e sem nenhuma placa avisando do perigo. Faz dois anos que não temos também um salva-vidas aqui porque a prefeitura parou de pagar. Então, como a cidade recebe muito turista, quase sempre somos nós pescadores que avisamos para não entrarem na água ali. Muitas vezes não dá tempo, aí quem faz salvamento somos nós mesmos.

Diário Gaúcho: Você mora bem próximo do local da tragédia. Como foi naquele momento?
Jamesson Magno:
Tenho certeza de que, se tivesse um salva-vidas, dava para salvar o moço. Mas do jeito que é aqui, ficou muito difícil. Eles estavam em um lugar meio isolado, a uns 300 metros de outros banhistas. Eu fui alertado quando já estava uma correria para lá. Alguns amigos partiram de barco para fazer as buscas. Eu não me meti porque nesses momentos quanto mais gente, mais atrapalha.

Divulgação / Arquivo Pessoal
Jamesson é presidente da Colônia de Pescadores Z-15, de Canindé de São Francisco


Diário Gaúcho: Desde o início da novela, nós ouvimos que o Rio São Francisco tem seus segredos.
Jamesson Magno:
Olha, o pessoal não leva muito a sério as lendas aqui do rio. Eu acredito. Nós pescadores ouvimos muito falar do Nego do Rio, que puxa os barcos para baixo. Sei não, eles já tinham feito esse negócio na novela de morrer e voltar. A gente nunca sabe.

Diário Gaúcho: Como está o clima na cidade?
Jamesson Magno:
Estamos muito tensos, todo mundo muito triste mesmo. Porque foi como perder alguém querido, muito próximo da gente. O pessoal da novela estava praticamente morando aqui na cidade desde que começaram a gravar. O Domingos era um rapaz muito bom, humilde. Frequentava os bares da cidade, os pequenos comércios. Conversava com as pessoas na rua. Gente humilde mesmo. Eles ficariam aqui na cidade até domingo e aí acontece uma coisa dessas. Muito triste mesmo.



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