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Conheça quatro revelações da música sertaneja de 2018

Nomes como Thiago Brava e Diego & Arnaldo começam a dominar as listas de músicas mais tocadas em aplicativos e rádios, e comprovam supremacia do gênero no país. 

10/03/2018 - 12h00min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Cada vez mais sertanejo, o Brasil passa por um fenômeno curioso. Praticamente, todos os meses, surgem novas duplas, cantoras e cantores no embalo. E, a cada ano, um estilo dentro do gênero aparece com mais força. Se 2017 teve a marca da sofrência, nomes fortes de 2018 mesclam de tudo um pouco, procurando espaço no disputado mercado. 

Segundo a Crowley, empresa que monitora a execução de canções em rádios de todo o país, das 100 faixas mais tocadas em 2017, 88 são sertanejas. Para tentar entrar nesse filão, vale remontar às origens, com voz e violão, fazer parceria com referências no meio e voltar a apostar na sofrência.

Saiba mais sobre quatro nomes que despontaram nos últimos meses. E fique ligado porque, no sertanejo, tudo pode mudar!

Thiago Brava, o arrasa-quarteirão de 2018 

Maurício Antônio / Divulgação

Dono do refrão-chiclete “Dona Maria, deixa eu namorar a sua filha”, que faz parte do hit Dona Maria, gravada com Jorge, da dupla Jorge & Mateus, o goiano Thiago Brava estourou no sertanejo nacional. Mas a sua carreira é recente, já que começou a cantar profissionalmente em 2012, quando gravou 360 O Arrocha do Poder. 

Em 2015, lançou o DVD Sempre Diferente. Porém, é inegável que o estouro se deu entre o fim do ano passado e o começo de 2018, quando Dona Maria inundou as rádios, o YouTube (cujo clipe tem mais de 200 milhões de visualizações) e outras plataformas, com mais de 25 milhões de audições no Spotify.  A música foi lançada em outubro de 2017 e integra o EP Um Violão e Uma Catuaba. 

— Acho que é por conta do nome. Não tem nada mais popular do que Maria! — disse o cantor, 31 anos, ao site do jornal Correio Braziliense.  

A música foi lançada em outubro de 2017, como uma das faixas do EP Um Violão e uma Catuaba. 

— Acho que é por conta do nome. Não tem nada mais popular do que Maria — afirma o cantor, 31 anos, em entrevista ao site do jornal Correio Braziliense.  

Consciência

No ano passado, ligado nas tendências, Tiago defendeu o respeito às mulheres ao lançar a canção Aquela que Você Respeita. 

— Tenho mãe, tenho namorada e trabalho com inúmeras mulheres. É impossível ignorar tudo o que vem sendo discutido e todos os desafios que elas enfrentam diariamente, na nossa sociedade. Está na hora de todos nós levarmos esse assunto a sério — afirma o cantor por intermédio da sua assessoria de imprensa. 

Compositor de sucessos, como Namora Bobo e Lei do Desapego, sua mais recente aposta é a faixa Se For para Não Causar Eu Nem Vou. Sobre uma mudança no seu estilo - antes mais dançante e, agora, mais romântico -, ele explica ser fruto do seu amadurecimento. 

— Se você ouvir Lei do Desapego, é diferente de Dona Maria. Antes, as músicas pegavam mais um público de balada. Hoje, a abrangência é maior, como crianças, idosos, jovens e adultos — disse ao site OFuxico.

— Tenho mãe, tenho namorada e trabalho com inúmeras mulheres. É impossível ignorar tudo o que tem sido discutido ultimamente e todos os desafios que elas enfrentam diariamente na nossa sociedade. Realmente acho que está na hora de todos nós levarmos esse assunto a sério — afirma o cantor, em material enviado por sua assessoria de imprensa. 

Compositor de sucessos como Namora Bobo, 360 - O Arrocha do Poder e Lei do Desapego, sua mais recente aposta é a faixa Se For Para Não Causar Eu Nem Vou. Sobre uma mudança no seu estilo, antes mais dançante e, agora, apresentando letras mais românticas, ele afirma ser fruto de seu amadurecimento. 

— Se você ouvir Lei do Desapego, é diferente de Dona Maria, por exemplo. Antes, as músicas pegavam mais um público de balada e, hoje, a abrangência é maior, como crianças, idosos, jovens e adultos — afirmou, em entrevista ao site OFuxico

Nas paradas

— No levantamento da Crowley de fevereiro, o hit Dona Maria aparece em sexto lugar entre as 100 mais tocadas no país, entre todos os gêneros. Em janeiro, era a primeira.

De volta aos bons e velhos tempos

Divulgação / Sony Music
Diego (esquerda) e Arnaldo (direita): sucesso chegou rápido

Formada no fim de 2014, Diego, 30 anos, & Arnaldo, 36, já comemoram um feito: em janeiro, assinaram contrato com a gravadora Sony Music. Antes de fundar a dupla, Arnaldo integrava outra, e Diego seguia carreira solo.

Mas ambos já se conheciam por tocarem na noite de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, onde moravam na época.

— Terminei a minha dupla, eu já até havia parado de cantar. Mas eu estava admirado com o timbre vocal dele, diferenciado. E, quando você é picado pelo "bichinho do palco", não quer mais parar de cantar (risos)! Fiz o convite, e ele me disse: "Rapaz, sempre tive para mim que eu iria cantar com você" — recorda Arnaldo, por telefone, de Goiânia, onde a dupla mora.

De raiz

Com dois DVDs lançados, os amigos afirmam que um dos motivos de o sucesso ter chegado rápido é o fato de investirem no sertanejo de raiz. O mais recente DVD, Do Jeito que Nóis Gosta 2, que conta com a participação de Naiara Azevedo e João Neto & Frederico e foi lançado no fim de 2017, é 100% voz e violão. 

— Eu e Diego temos uma raiz muito sertaneja. Notamos que os sertanejos não estavam lançando nada "retrô" e decidimos investir em letras e harmonias verdadeiramente sertanejas, e em voz e violão. A linha atual de boa parte é mais melódica, pop, o que descaracterizou o gênero — avalia Arnaldo, natural de Ituiutaba, em Minas Gerais. 

Diego nasceu em Edeia, Goiás. Com 120 shows marcados para 2018, até o momento, a dupla comprova no palco a afirmação de Arnaldo. Um dos trechos do DVD, que traz um medley das faixas Não Precisa Perdão, Preciso Amar de Novo e Quero Provar que te Amo, é o típico sertanejo. Fala em amor e sentimento.

— E com aquele "agudo" rasgado no vocal — diz Arnaldo.

O próximo projeto será um DVD em parceria com João Neto & Frederico. No repertório, músicas e melodias clássicas.

NAS PARADAS

— A canção Se Eu te Procurar aparece em sétimo lugar entre as 100 mais tocadas no país, em fevereiro, entre todos os gêneros, conforme a Crowley.

Com a bênção dos padrinhos

Douglas Shindy / Divulgação
Lucyana: mulherada é que assedia

Em 2015, a paulistana Lucyana Villar chamou a atenção de Leo, da dupla com Victor.  E ele produziu o primeiro disco da cantora. 

Além da participação da dupla mineira, o álbum trouxe outra dupla forte: Jads & Jadson. Estava dado o passo inicial para Lucyana despontar para o resto do país!

— Victor & Leo são muito importantes para a minha carreira. Assistia a muitos shows deles, quando ainda tocavam em barzinho, há uns dez anos. Dava umas palhinhas, mas nem imaginava que viveria de música! Quando ele (Leo) produziu o meu disco, senti que algo poderia mudar — comenta Lucyana, por telefone, de São Paulo. 

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Inspiração 

Ainda adolescente,  ela se inspirou nos pais, Tadeu (já falecido) e Roseli, que integravam uma banda, para tentar o sonho da música. Mas, em 2017, ela começou a aparecer na lista das músicas mais tocadas no país, com a curiosa faixa Solterei. 

Conforme Lucyana, a composição surgiu em alguns de seus shows, quando rolavam algumas despedidas de mulheres casadas até então...

— Uma vez, uma mulher subiu no palco e explicou que elas estavam comemorando a despedida de casada de uma das amigas, igual despedida de solteira, sabe? Comentei essa história com uns amigos compositores, e vimos que a história tinha potencial — conta Lucyana.


Assédio delas

Aliás, ela diz ir no movimento contrário ao da sofrência de algumas sertanejas.

— Fiz questão de sair do que a mulherada vem fazendo. Todo mundo pode estar bem. Não é porque eu estou bem que a outra estará mal, as minhas canções vão por aí — afirma.

As mulheres, aliás, dão mais trabalho para a cantora no palco do que os homens, segundo a própria confessa:

— Homem não dá trabalho, não tive problema com eles. Elas dão trabalho, não medem esforço no assédio, nas redes sociais, nos shows. São mais atrevidas.   

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NAS PARADAS

— Solterei aparece em 56º lugar, entre as 100 mais tocadas no país, entre todos os gêneros, no levantamento da Crowley de fevereiro.

Sinergia de cara

Divulgação / Divulgação
Luiza & Maurílio: de primeira

Basta olhar a lista das mais tocadas no país, de acordo com a Crowley e com o Top Sertanejo, a Rádio Farroupilha (680 AM e 92.1 FM), publicado semanalmente no Diário Gaúcho, para notar que Luiza, 26 anos, e Maurílio, 25, são figuras constantes nas listas. 

A dupla foi formada em Imperatriz, no Maranhão, em 2015. Luiza conheceu o maranhense no aniversário de uma amiga sua.

— Eu estava cantando e o convidei para subir no palco. A sinergia foi tão boa que ali mesmo montamos a dupla — relembra a cantora em entrevista por e-mail.

Sofrência

Em janeiro, os dois gravaram o seu primeiro DVD, que leva o nome dos sertanejos, em Trindade, Goiás. Em uma das principais faixas, Deixa a Menina, usam e abusam da sofrência na letra, a exemplo das suas convidadas especiais para a gravação, Maiara & Maraisa. 

— Foi uma felicidade gravar com elas! As meninas são super parceiras — afirma Maurílio. 

Tô Bem, outra faixa do álbum, tenta seguir uma linha mais leve. Mas também cai no drama, com trechos como "tô chorando até em filme de comédia".

Sofrência, aliás, que eles afirmam ser tema comum no sertanejo. 

— É algo natural, a gente sempre escolhe as composições que têm mais a ver com a gente. No meio sertanejo, letras que retratam o dia a dia das pessoas são comuns. E, nisso vem, claro, os amores e as sofrências — defende Luiza.  

 NAS PARADAS

— No levantamento da Crowley de fevereiro, a canção Deixa a Menina, gravada em parceria com a dupla Maiara & Maraisa, aparece em 20º lugar, entre as 100 mais tocadas no país, entre todos os gêneros.

Gênero mutante

Ao ouvir uma música como Dona Maria, de Thiago Brava, ou assistir a um show de Luan Santana, fica a dúvida: o gênero mais popular do país se aproxima do pop? Sim e não. De acordo com Mauro Casagrande,  produtor de Daniel, que já trabalhou com nomes como Zezé Di Camargo & Luciano e Wesley Safadão, o sertanejo moderno guarda poucas semelhanças com a raiz do gênero, representada por ícones como Tião Carreiro & Pardinho, Tonico e Tinoco e Pena Branca & Xavantinho. 

— Uma das poucas semelhanças que vejo é a colocação vozes em formato de duetos, primeira e segunda voz. De resto, não vejo semelhança com a música sertaneja — afirma.

Como se deu, ao longo dos anos, o domínio avassalador da música sertaneja no Brasil?

A seu tempo

Casão, como o produtor é conhecido, lembra que a chegada de duplas como Chitãozinho & Xororó e João Paulo & Daniel trouxe arranjos mais modernos, a introdução de guitarras com dobra (duas guitarras tocam o mesmo tema em intervalos diferentes), sintetizadores e gaita. 

Os novos, ele comenta, já mostram diferenças, como cantores e cantoras solo, letras mais simples e influências do novo forró.  Mas Casão destaca que o sertanejo vem se modernizando sempre. Por isso, mesmo duplas dos anos 80 poderiam, anos atrás, serem consideradas distantes do sertanejo de raiz:

— A gaita caracteriza o sertanejo, acima de tendências ou mudanças.  

Números não mentem

— Na plataforma streaming (aplicativo ou site para ouvir músicas online) Deezer, Henrique & Juliano foram os artistas mais ouvidos em 2017. Da lista dos 10 mais, oito foram sertanejos. 

— No Spotify, Matheus & Kauan estão na ponta dos 10 mais ouvidos em 2017. Da lista, seis são sertanejos.

— Em 2017, no ranking da Crowley, das 100 músicas mais tocadas no país, 88 foram sertanejas. 







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