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Fim trágico

Secretaria da Saúde confirma morte cerebral de menino baleado em Canoas

Guri de oito anos estava internado no HPS de Porto Alegre após levar tiro dentro da casa da avó

04/05/2015 - 16h54min

Atualizada em: 04/05/2015 - 16h54min


Jeniffer Gularte
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Reprodução / Reprodução
Richard Kaun de Sousa foi baleado na sexta-feira

Três dias depois de ser atingido por uma bala perdida dentro da casa da avó, no Bairro Mathias Velho, em Canoas, Richard Kaun de Souza, oito anos, teve a morte cerebral confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre nesta segunda-feira. Richard é a terceira criança vítima da guerra do tráfico de drogas em Porto Alegre e na Região Metropolitana em duas semanas.

O disparo que foi efetuado no final da noite de sexta-feira, por criminosos que executaram seu tio Babiton Gabriel da Silva de Lopes, 19 anos, possivelmente por dívidas relacionadas ao consumo de crack. Levado ao HPS de Canoas, foi encaminhado para o HPS de Porto Alegre na manhã de sábado, onde passou por duas cirurgias.

Richard estava na casa da avó para comemorar o aniversário dela, na sexta-feira. Ele, a mãe, um irmão de 12 anos e uma irmã de sete foram até a casa na Rua Campinas, Vila Getúlio Vargas, para o almoço de família e decidiram posar lá.

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De acordo com a Polícia Civil, o crime ocorreu às 23h20min de sexta-feira. Vizinhos contam que viram dois homens chegarem de bicicleta. Houve discussão e vários disparos.

- Primeiro, ouvimos uma discussão e depois os tiros, parecia uma metralhadora. Tudo aconteceu em questão de dez minutos. Ficamos com muito medo - diz um morador das proximidades que preferiu não se identificar.

Conforme o vizinho que socorreu Richard, o tiro foi no lado esquerdo da cabeça. No trajeto até o HPS de Canoas, Richard foi sentado no carro sem gemer ou reclamar de dor. O tio morreu a caminho do atendimento médico.

- Só ficávamos conversando com ele para que não dormisse. O guri era um anjo, isso foi uma tragédia - ressaltou o vizinho.

"Calmo, generoso e educado"

Pela vizinhança da casa da avó, Richard é definido como uma criança calma, generosa, bem-educada e que não era vista na rua. Ele morava no Bairro Mato Grande, também em Canoas, com a mãe e dois irmãos.

- Não tem explicação, era um menino maravilhoso. Na Páscoa, ganhou uma caixa de bombons e levou na minha casa para repartir com meus filhos. Era uma criança que quase não saía de casa quando estava na vó - relata uma amiga da família que também preferiu não se identificar.

No final da tarde de segunda-feira, parentes que estavam em frente ao HPS de Porto Alegre ainda falavam sobre o menino em tom de esperança, acreditando na recuperação dele. Os familiares preferiram não dar detalhes à reportagem do Diário Gaúcho. Eles se limitaram a dizer que Richard era um menino dócil e querido por quem o conhecia.

Delegado fala em acerto de contas

Conforme o delegado encarregado do caso, Daniel de Oliveira Ordahi, a linha de investigação da Delegacia de Homicídios e Desaparecidos aponta para um acerto de contas com Babiton. Durante a adolescência, o jovem teve dois registros por porte de drogas. Não há suspeitos do crime.

- O menino estava no local errado, na hora errada - afirma o delegado.

No momento em que foi atingido pelo disparo, Richard estava debaixo da cama, e o tio sobre a mesma cama. Os criminosos teriam efetuado mais de 15 tiros no local. Além de Babiton e Richard, estavam na casa a avó do menino e mãe de Babiton, a mãe de Richard e dois irmãos.

 
Menino estava na casa da avó
Foto: Jeniffer Gularte/Agência RBS
 

*Diário Gaúcho


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