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O Diário Gaúcho te ajuda a entender o caso Battisti

O italiano foi encaminhado a penitenciária na ilha da Sardenha nesta segunda-feira (14)

15/01/2019 - 07h30min


Rodrigo Lopes
Rodrigo Lopes
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Alberto PIZZOLI
Ex-ativista, que nega ter cometido assassinatos, deve cumprir prisão perpétua

O Diário Gaúcho convidou o colunista de ZH Rodrigo Lopes para explicar melhor a situação que envolve a prisão de Cesare Battisti e sua ida para a Itália 

Quem é Battisti?
Aos 64 anos, Cesare Battisti é um italiano, nascido em um vilarejo nos arredores de Roma, de família com forte influência do catolicismo e também do comunismo. Na juventude, se envolveu em vários pequenos assaltos. Entre 1977 e 1979, foi acusado de ter matado quatro pessoas: um agente penitenciário, um joalheiro, um açougueiro e um policial. As mortes ocorreram em um clima político muito complicado na Itália, chamado "anos de chumbo" por causa do grande número de balas disparadas por armas de fogo. O governo, grupos com ideias de extrema-direita e de extrema-esquerda se enfrentavam nas ruas, cometendo atentados terroristas. Battisti era filiado a um desses grupos, o Proletários Armados pelo Comunismo. Um ex-companheiro dedurou o colega em troca de redução da pena. Battisti foi condenado à prisão perpétua acusado de terrorismo, mas já tinha fugido do país. No Exterior, ele vivia como escritor de livros policiais e tinha vários amigos intelectuais de esquerda.

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Por que ele estava no Brasil?
A Itália pedia aos governos de outros países que mandassem Battisti de volta para que ele pudesse cumprir pena de prisão perpétua. O ex-ativista sempre negou ter cometido os assassinatos e se dizia perseguido político. Viveu no México e, depois, na França. À época, o então presidente francês François Mitterrand permitia que ex-guerrilheiros morassem no país, desde que prometessem nunca mais praticar atos terroristas. Battisti vivia bem na França até que outro presidente assumiu, Jacques Chirac, e revisou a medida. Ele acabou fugindo de novo. Em 2007, foi detido no Rio de Janeiro. Ele ficou preso até 2009 no Brasil, quando o então ministro da Justiça, Tarso Genro, atendeu a um pedido da defesa de Battisti e concedeu a ele refúgio político. Ou seja, a partir de então, ele estava protegido pelo Brasil e não corria mais risco de ser ser mandado de volta para a Itália. A decisão era apoiada pelo então presidente Lula. Virou uma questão de honra para o governo brasileiro mantê-lo aqui, apesar da insistência italiana.

Por que só agora ele foi deportado?
Battisti viveu durante sete anos no Brasil, especialmente em São Paulo. Ele afirmou várias vezes que escolheu o Brasil porque o país vivia naquela época um governo de esquerda e conhecia outros refugiados por aqui. Mas sua vida começou a mudar com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a ascensão de Michel Temer ao poder. A embaixada da Itália no Brasil intensificou a pressão para convencer o governo a rever o posicionamento. Em 2017, Battisti foi preso na fronteira com a Bolívia com R$ 23 mil não declarados à Receita Federal. O ex-ativista disse que só queria fazer compras no Exterior, mas as autoridades achavam que ele estava fugindo. O então ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse que ele havia quebrado a confiança do Brasil. No fundo, o governo queria melhorar a relação com a Itália e com a Europa. A ordem de extradição foi assinada pelo ex-presidente Michel Temer no final do ano passado. Uma das promessas do candidato Jair Bolsonaro, se ganhasse a eleição, era de mandá-lo de volta para a Itália. Mas Battisti estava foragido. No domingo (13),  ele foi detido, enquanto caminhava em uma rua de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. O governo boliviano o mandou direto para Roma, na Itália, atendendo ao pedido do governo de lá. 

O que vai acontecer com ele?
Battisti começou a cumprir imediatamente a pena de prisão perpétua. Ao chegar a Roma, nesta segunda-feira (14), foi mandado para uma penitenciária na ilha da Sardenha. Na Itália, parentes das vítimas de Battisti comemoraram sua captura.



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