Lá em Casa
Cris Silva: "A felicidade plena e real é uma raridade"
Colunista escreve sobre maternidade e família todas as sextas-feiras no Diário Gaúcho
Outro dia, conversando com uma amiga, falávamos sobre depressão. Que doença bem desgraçada! Atinge qualquer pessoa, não importa classe social nem idade. E a gente questiona: o que leva à depressão? Tem cura? É hereditário?
Eu, que sou mãe, fico me perguntando: o que fazer quando nosso filho está deprimido? E como ele chegou nesse ponto? Uma coisa é certa, não podemos nos culpar. O motivo da depressão muitas vezes não está em nós. Mas certamente é nossa responsabilidade tomar uma atitude assim que perceber algo “diferente”.
Situação comum
No papo com minha amiga, ela contou que conversa com seu filho, 12 anos, frequentemente sobre felicidade. Ela perguntou se ele era feliz. A resposta foi:
– Sim, muito! Inclusive, às vezes, tenho que disfarçar e fingir que tô meio deprê porque meus amigos não são tão felizes quanto eu.
Olha que coisa, uma criança tendo que disfarçar a alegria. Achei estranho, mas entendi. De certo modo, ele não quer constranger os colegas pelo simples fato de ser feliz. Faz sentido. Atualmente, a felicidade plena e real é uma raridade.
Segundo os últimos dados da Organização Mundial de Saúde, foram registrados casos de depressão infantil em cerca de 8% das crianças no mundo. Calcula-se, em média, que 180 milhões de crianças e adolescentes convivem com a doença.
Primeiros sinais e dicas do especialista
É depressão? É aborrescência? É uma fase? Como saber se o que está acontecendo com nosso filho é algo sério ou que vai passar rapidinho? O psicólogo clínico Michel Andreola explica que são inúmeros os casos de crianças e adolescentes que adoecem, pelos mais diversos motivos: pré-disposição genética, por se sentirem culpadas pelo término do relacionamento dos pais, algum trauma do passado que não foi bem superado, bullying no ambiente escolar, ou o moderno cyberbullying, por meio das redes sociais.
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A depressão, muitas vezes, é uma doença silenciosa, velada. A criança muda o seu comportamento com as pessoas à sua volta. Os pais ou responsáveis precisam ser atentos para identificar rapidamente os sintomas. Alguns são característicos: falta de interesse por diversas atividades, terror noturno, humor depressivo, insônia, falta ou excesso de apetite, dificuldade de raciocínio ou concentração, pensamentos de morte, choros ou comportamentos agressivos com mais frequência.
Tempo de qualidade
Porém, o diagnóstico da depressão infantil é dado somente pelo psiquiatra infantil, conta Michel. Dica do especialista: valorize o tempo na companhia do seu filho, preserve o espaço dele para falar sobre o que está sentindo. Essa aproximação deve ser acolhedora e amorosa.
Eu vou aderir à perguntinha básica da minha amiga. Mas já aproveitando, faço ela agora: você é feliz?