Polícia



Boletim de Ocorrência - Arquivo do Crime

O cortejo de Carioca

09/05/2015 - 07h06min

Atualizada em: 09/05/2015 - 07h06min


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Caixão foi erguido na comunidade

A idolatria aos traficantes Xandi e Teréu e o pesar na morte de ambos, demonstrados por uma parcela de suas respectivas comunidades, não são novidade por essas bandas. O luto na morte de Xandi, em janeiro, foi expresso com faixas no condomínio conhecido como Carandiru. O mesmo ocorreu em relação a Teréu, na quinta-feira, no Beco dos Cafunchos.

O fujão e a panela

Esses acontecimentos tiveram um precedente de repercussão em 1989, na morte do traficante Humberto Luciano Brás de Souza, o Carioca. Aliás, já naquela vez não havia ineditismo. Dez anos antes, algo semelhante havia ocorrido com Eduardo Corrêa dos Santos, o Anão, líder anterior  do tráfico no Morro da Cruz.

Quando nem Ele salva 

Carioca foi assassinado em 25 de setembro daquele ano, em uma cela da Penitenciária Estadual do Jacuí, em Charqueadas. Sua morte foi uma das que marcaram as disputas internas na Falange Gaúcha, precursora das facções criminosas no Estado.

Velório no morro

No Morro da Cruz, para uma parcela da sofrida população, ele, equivocadamente, era considerado uma espécie de Robin Hood, que obtinha dinheiro com a venda de drogas e dava auxílio a moradores de sua comunidade. Como tudo tem seu preço, mesmo sem recorrer usualmente a ameaças e violência, como fazem os falsos heróis de hoje, ele cobrava fidelidade e proteção perante a polícia.

Pois quando Carioca foi morto, seu corpo foi velado em uma casas do morro. Aliás, em muitas delas haviam sido colocadas bandeiras pretas. Eu estava lá e presenciei o cortejo fúnebre que percorreu vielas, com o caixão carregado por "soldados do tráfico". Houve até rajadas de metralhadoras para saudar o líder morto.


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