Polícia



Boletim de Ocorrência - Arquivo

Quando nem Ele salva

03/05/2015 - 15h32min

Atualizada em: 03/05/2015 - 15h32min


Omar Freitas / Agencia RBS
Pintura no teto do Pavilhão C, derrubado em outubro

O Pavilhão C do Presídio Central foi posto abaixo em outubro do ano passado, mas deixou na memória de muitos que passaram por lá histórias de variados gêneros: tristes, trágicas, engraçadas... A que retiro do meu arquivo B.O. neste final de semana foi-me contada por presos, nos dias que precederam a demolição.

No teto da segunda galeria (correspondente ao segundo andar), alguns anos antes havia sido pintada uma imagem de Cristo, com os braços abertos, como se ele estivesse a olhar e zelar pelos habitantes do local, apesar de seus erros com a sociedade. Aliás, muitos dos crimes cometidos do lado de fora da prisão não eram aceitos em seu interior, onde os apenados estabeleceram uma série de códigos e regras próprias, inclusive com a previsão de punição para os descumpridores.

O fujão e a panela

Pois na segunda galeria do C, como me foi relatado, quando um preso dava alguma pisada na bola _ tipo furtar algum objeto de outro, por exemplo _, era submetido a um curioso e sádico ritual.

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Para começo de conversa, os líderes reuniam no corredor os mais de 300 moradores do local. Perante a massa, iniciavam um espancamento itinerante, que ia de um extremo ao outro do corredor. Quando o faltoso parecia cansado de apanhar, eles paravam sob a pintura e propunham ao duplamente condenado: "Vamos te dar uma chance. Se Jesus te abraçar, tu para de apanhar".

Sem dar qualquer chance de argumentação, súplica ou pedido de clemência, três ou quatro o jogavam para o alto, com tanta força que seu corpo chegava a bater na imagem. 
Não bastasse a dura queda, o infeliz seguia apanhando.


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