Polícia



Morte na Pasc

"Se a agente flagrasse o homicídio, não adiantaria nada", diz presidente do sindicato dos agentes penitenciários

Flávio Berneira Júnior afirma que agentes na Pasc, no momento da morte de Teréu, estavam em número insuficiente. Uma intervenção, segundo ele, desguarneceria outras áreas da penitenciária.

13/05/2015 - 10h39min

Atualizada em: 13/05/2015 - 10h39min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Agentes da Pasc foram afastados até o fim das investigações

A execução de Cristiano Souza da Fonseca, o Teréu, 32 anos, em pleno refeitório do Pavilhão A da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), na última quinta, não poderia ter sido evitada pelos agentes penitenciários com a atual estrutura mantida pelo Estado na guarda das prisões. Esta é a opinião do presidente do Sindicado dos Servidores Penitenciários do Rio Grande do Sul, Flávio Berneira Júnior.

Segundo ele, mesmo que a agente tivesse percebido a ação dos detentos pelo monitoramento das câmeras, não poderia intervir.

- Se ela tentasse uma intervenção física com agentes, desguarneceria outras áreas importantes da penitenciária. E a consequência poderia ser ainda pior. A importância das imagens é para identificar os autores de um crime que até pouco tempo atrás ficava sem autoria - comenta.

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Com o déficit de servidores que, segundo o sindicato, ultrapassa os 80% em todo o Estado, não há mais uma força-tarefa na Pasc. Este grupo garantiria uma equipe sempre de prontidão para casos de emergência. Nas atuais condições, uma intervenção só seria possível se agentes fossem mobilizados de outros setores.

- Exigiria muito tempo e deixaria livres outras galerias - argumenta Flávio.

O ideal seria a presença de pelo menos quatro agentes ao redor do refeitório, mas havia só dois. E nenhum no mezanino, que serve para controlar a movimentação no setor com visão ampla. Naquele dia, havia 28 agentes para controlar toda a Pasc. O normal seriam 40.

Na manhã da última quinta, uma agente novata da Susepe cumpria o seu terceiro plantão - o primeiro na sala de monitoramento - na Pasc. Era responsabilidade dela controlar os movimentos de 60 câmeras de monitoramento divididas entre três monitores. Uma atividade que, conforme o sindicato, deveria ser exercida por dois agentes.

A servidora não teria percebido a movimentação no Pavilhão A. Momentos antes do crime, outro agente teria entrado na sala de monitoramento e aproximado imagens de outro pavilhão, onde presos ameaçavam danificar lâmpadas, o que poderia provocar um incêndio.

Na manhã de sexta, os agentes envolvidos no controle do Pavilhão A no momento do crime devem ser ouvidos na DP de Charqueadas. Até o final das investigações, eles, o diretor da Pasc e o chefe de segurança estão afastados de suas funções.

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