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Linchamento em Viamão só parou com a chegada da Guarda Municipal

Polícia Civil busca identificar suspeitos do crime ocorrido na noite de domingo

27/07/2015 - 16h30min

Atualizada em: 27/07/2015 - 16h30min


Débora Ely
Débora Ely
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Débora Ely / Agência RBS
Linchamento ocorreu na Praça Júlio de Castilhos, no Centro

- Um homem foi morto? Vamos sair daqui! - disparou uma adolescente a quatro amigos na Praça Júlio de Castilhos, no centro de Viamão.

De pé ao lado de uma mesa de concreto, a jovem se referia ao linchamento ocorrido na noite de domingo a menos de um metro do local onde conversava na manhã desta segunda-feira. Na areia ao lado, o corpo de Valdir Gabriele, 40 anos, havia sido encontrado já sem vida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) 14 horas antes. Ele fora morto com socos e pontapés após uma suposta tentativa de assalto a um casal que esperava um ônibus no local - episódio de linchamento que não foi o primeiro de 2015 na cidade.

Na noite de 23 de março, um homem foi agredido por cinco pessoas ao abordar uma mulher na Avenida Liberdade, no bairro Santa Isabel, e tentar levar o carro da vítima. Na tentativa de fazer justiça com as próprias mãos, acabaram respondendo na Justiça por um crime. Dois deles foram indiciados por lesão corporal seguida de morte.

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- Não há vinculação alguma, são locais extremos em Viamão. Mas se trata de uma situação extrema que as pessoas presenciam, se indignam e, na tentativa de ajudar, acabam agredindo. Quando se dão conta, já ocorreu um homicídio - apontou o titular da Delegacia de Homicídios de Viamão, Carlos Wendt.

Responsável pelos indiciamentos do episódio ocorrido há quatro meses, Wendt busca, agora, os responsáveis pelo mais recente caso. A hipótese de linchamento se sustenta, para o delegado, em relatos colhidos no local do crime e registrados pela Brigada Militar (BM).

Conforme os registros pela BM, um homem - que a polícia acredita ser Valdir - se aproximou do casal e, dizendo estar armado, exigiu que entregassem celulares e dinheiro. Uma das vítimas se recusou e foi atingida por um soco. Ao depararem com a cena, frequentadores da praça partiram para a agressão. Estima-se que 15 estejam envolvidos no episódio - um já teria sido identificado.

O espancamento só parou quando guardas municipais se aproximaram do local ao avistarem o tumulto, e os agressores fugiram. Servidores acreditavam que o homem estivesse desmaiado e, por isso, acionaram o Samu, que constatou a morte.

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Moradores definem a área como perigosa à noite. Monitorada pela Guarda Municipal, a praça fica junto à Câmara de Vereadores e próxima a um posto da Brigada Militar, mas é conhecida por ser um ponto de consumo de drogas.

- De noite, eu não passo por aqui - comentou um brigadiano, que pediu para não ser identificado.

- O problema é a iluminação. Tenho receio de estacionar o carro se preciso trabalhar à noite - afirmou o advogado Luiz Alberto Wailer, 57 anos, que mantém um escritório em frente à Júlio de Castilhos.

O delegado responsável pela investigação já assistiu a um vídeo registrado pela câmera de monitoramento instalada em frente ao gabinete do prefeito. Segundo Wendt, as imagens, que não foram divulgadas, mostram o tumulto, mas não é possível identificar os envolvidos. Cada um dos agressores deverá ser responsabilizado individualmente, conforme sua participação no crime.

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No domingo, um segundo suspeito de participar do assalto foi levado para a delegacia, mas a mulher vítima do crime não o reconheceu. Ferido na cabeça, o homem que a acompanhava recebeu atendimento no Hospital Viamão.

Vinte horas depois do linchamento e seis horas após a liberação do corpo, ninguém havia procurado por Valdir no Departamento Médico Legal (DML) de Porto Alegre.

* Zero Hora


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