Beco dos Cafunchos
Desaparecimento de líder comunitário completa meio ano de silêncio
Jorge Leandro da Silva foi retirado de casa por homens armados e encapuzados
A mãe, os irmãos e os filhos deixaram para trás suas casas no Beco dos Cafunchos, Bairro Agronomia, na Zona Leste da Capital. Já se foram seis meses desde o desaparecimento e restam poucas esperanças de encontrar o líder comunitário Jorge Leandro da Silva vivo ou morto.
- Quem queria fazer isso, fez bem feito. Para que ninguém encontrasse mais nada mesmo. Ultimamente até evitamos comentar muito sobre isso, porque só nos causa dor e não nos dá nenhuma nova esperança - diz o irmão dele, Marcos da Silva.
O caso atualmente é investigado pela 1ª DHPP que, segundo o delegado Rodrigo Pohlmann, já ouviu dezenas de testemunhas e, entre as diligências feitas para encontrar ao menos o corpo do líder comunitário, constam três buscas infrutíferas.
- O caso está em aberto, mas com poucos indícios mais concretos. À essa altura, acreditamos em um homicídio mesmo. Resta chegarmos à autoria - afirma o delegado, que assumiu a investigação há pouco mais de um mês.
Segundo ele, nos próximos dias pelo menos outras quatro pessoas serão ouvidas. Ao que tudo indica, é a última esperança de apontar um rumo nessas buscas.
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Pelo levantamento da investigação, a linha mais concreta da apuração parece ser a de uma espécie de punição pelo tráfico. Jorge era reconhecido na comunidade por bater de frente com os criminosos. Uma das suas conquistas para a comunidade da Vila dos Herdeiros foi a pavimentação de um dos acessos. De quebra, a via teria facilitado a entrada de policiamento na região, o que teria contrariado os interesses dos traficantes.
- É uma linha, mas sem pistas mais concretas - admite Rodrigo Pohlmann.
A Corregedoria da Polícia Civil também acompanha o caso a partir de uma denúncia feita dias depois do crime. Nenhum resultado desta apuração foi revelado até o momento.
Jorge temia ser morto
Quando um carro com pelo menos cinco homens armados e encapuzados chegaram à casa onde Jorge estava com os dois filhos, ele teria avisado:
- Vieram para me matar.
Era madrugada de 27 de março e, dizendo que eram policiais, os homens o arrancaram de casa e jogaram no porta-malas do carro. Nenhuma câmera de monitoramento flagrou o veículo saindo do Beco dos Cafunchos. E nenhuma pista surgiu do paradeiro da vítima ou dos matadores.
- O fato de anunciarem que eram policiais, por si só, não indica que realmente fossem. Essa é uma estratégia que temos notado entre traficantes - afirma o delegado Rodrigo Pohlmann.
Desde a execução do traficante Cristiano Souza da Fonseca, o Teréu, dentro da Pasc, o clima no Beco dos Cafunchos teria acalmado.