Polícia



Madrugada de terror

Como moradores estão usando as redes sociais para narrar a guerra do tráfico em Porto Alegre

Vila Bom Jesus teve pelo menos cinco mortes desde a semana passada e tiroteios são constantes

22/01/2016 - 09h47min

Atualizada em: 22/01/2016 - 12h22min


Mário Gaiger
Mário Gaiger

Moradores do Bairro Bom Jesus, na Zona Leste da Capital, tiveram mais uma noite de medo e pavor, de quarta para quinta-feira. Pelas redes sociais, alguns narraram o drama de não poderem sair às ruas, temerem pela segurança de amigos e familiares que ainda estavam por chegar e, principalmente, de terem de se refugiar em suas casas, enquanto ocorriam tiroteios nas ruas.

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Os conflitos na região tornaram-iminentes desde o final de semana passado, quando ocorreram cinco homicídios entre o Bom Jesus é o bairro vizinho Vila Jardim. Em um dos assassinatos, um jovem de 22 anos foi decapitado e sua cabeça foi deixada em uma das ruas da região, na manhã de domingo.

No final da tarde de quarta, pessoas que trabalham no bairro foram avisadas de que haveria um toque de recolher a partir das 20h. Mas, na dúvida, alguns moradores preferem se recolher mais cedo.

– Eles disseram que ia ter uma função e que se não quiséssemos tomar um tiro de graça, que ficássemos em casa. Não estamos mais saindo a rua depois das 17h. Estamos com medo mesmo – disse um morador.

Uma moradora da Vila Mato Sampaio, no mesmo bairro, confirma o toque de recolher, que estaria em vigor sempre à noite, desde o domingo, quando homens armados expulsaram famílias da praça localizada no Campo do Panamá:

– Tirei minhas crianças e corremos para casa. O rito comeu durante toda a noite perto das ruas Panamá e Pio X. Ficou essa tensão desde domingo. Na terça, fui no mercadinho e me avisaram para não sair na rua depois das 22h.

A recomendação fez sentido na noite de quarta. Acuados em casa ou no trabalho, alguns moradores começaram a descrever a situação nas redes sociais.

Às 21h, uma moradora descreveu a situação a partir de informações que havia recebido.

Duas horas depois, outro morador, que ainda estava no trabalho, expôs sua preocupação com a chegada em casa. Minutos depois, o autor do post agradeceu aos que haviam demonstrado preocupação com a sua segurança.


O clima estranho não demorou a se transformar em pânico. Cerca de duas horas depois, tiros, entre os quais rajadas de metralhadora, foram ouvidas nitidamente na região.

No início da tarde de ontem, por volta das 13h, outro post falava em nova troca de tiros.

Durante a tarde, era registrada a presença da polícia, mas o medo não havia se dissipado.

No bairro, policiais militares abordavam os moradores em motos e viaturas. Ninguém foi preso.


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