Segunda em uma semana
Chacina em Eldorado: ninguém respondeu e eles mataram todos
Cinco homens foram assassinados a queima roupa e um sexto foi baleado na madrugada desta segunda-feira

Eldorado do Sul, com pouco mais de 30 mil habitantes, na Região Metropolitana de Porto Alegre, despertou nesta segunda-feira com a notícia de uma chacina que vitimou cinco homens. Moradores da Avenida A, Bairro Cidade Verde, chegaram a acordar com os mais de 30 tiros de pistola 9mm e de espingarda calibre 12, disparados na esquina de um bar, às 4h. Esta foi a segunda chacina em uma semana. Cinco pessoas de uma mesma família foram assassinadas na última quinta-feira, em Porto Alegre.
Dan Menahen da Silveira Votnamis, de15 anos, Maurício de Sousa, 25, Gérson Darif dos Santos, 27, Wagner Carvalho da Silva, 32, e Dênis Fabiano Rodrigues Xavier, 32, morreram na hora. Jeferson da Silva Alves, 23, foi o único sobrevivente.
– Os tiros faziam eco dentro de casa, parecia uma guerra civil. Acho que o rapaz que sobreviveu se fingiu de morto até eles irem embora, depois ele levantou e veio na minha direção gritando: "Socorro moça, me ajuda, chama a polícia". Ele estava sangrando na cabeça – contou uma moradora

Um baile ocorria em outro estabelecimento em frente ao local. De acordo com depoimentos colhidos pela delegada Patrícia Sanchotene, três homens chegaram na roda dos seis rapazes e perguntaram por “Balú” – apelido de Gérson. Como ninguém respondeu, todos foram colocados contra a parede e executados à queima-roupa. É possível que pelo menos três tenham morrido por estarem no lugar errado, na hora errada.
Conforme a polícia, Gérson já havia sido preso por tráfico de drogas e Dênis por roubo. O adolescente assassinado teve uma passagem pela polícia por dirigir sem habilitação. Os outros três não tinham ficha criminal. A família de Gerson não sabe o que motivou o assassinato. Uma irmã relatou que ele usava drogas e costumava passar as noites na rua. Na noite do crime, a mãe dormiu com a bíblia nas mãos enquanto rezava pelo filho.
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A polícia acredita que o tráfico de drogas pode ter motivado a chacina. Há suspeita de que Gérson, o rapaz chamado pelos executores no momento do crime, estivesse envolvido com o tráfico. O trio teria fugido em um Astra.
Segundo a delegada Patrícia Sanchotene, o tráfico tem aumentado desde o ano passado e está pulverizado por várias regiões da cidade, principalmente em locais de invasão de terra. É possível que exista influência do tráfico da Capital e de facções do Presídio Central.
– Aqui o tráfico é muito distribuído. Nós fazemos flagrantes quase todos os dias daqueles que estão vendendo, com aproximadamente 20 pedras de crack ou outras drogas já embaladas para a venda – destacou a delegada.
Com a chacina, o município chegou a 12 assassinatos este ano, quase o mesmo número de mortes de todo o ano de 2015, que registrou 15.