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Morre o cantor Jair Rodrigues aos 75 anos

Em seus 57 anos de carreira, artista lançou 45 discos

08/05/2014 - 11h04min

Atualizada em: 08/05/2014 - 11h04min


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O cantor paulista Jair Rodrigues morreu nesta quinta-feira aos 75 anos. Ele estava em sua casa, em Cotia (SP).  A assessoria do artista, a JRC Produções, confirmou à tarde que a causa da morte foi um infarto agudo do miocárdio.

Nascido em Igarapava, no interior paulista, Jair Rodrigues começou sua carreira em 1957, em casas noturnas do Estado, e tinha 45 discos gravados. Jair é pai dos músicos Luciana Mello e Jair Oliveira. O último show do cantor em Porto Alegre foi na virada de 2009 para 2010, no tradicional réveillon da Usina do Gasômetro.

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A partir da década de 1960, começou a cantar na capital paulista e participar em programas de calouros de rádios. Seu primeiro disco foi gravado em 1962, com duas músicas para a Copa do Mundo daquele ano: Brasil Sensacional e Marechal da Vitória. No mesmo ano, lançou ainda um compacto com outras duas músicas. Dois anos depois, gravou seus dois primeiros LPs: Vou de Samba com Você e O Samba Como Ele É.

Foi em 1964 que ficou famoso com a música Deixa Isso Pra Lá, de Alberto Paz e Edson Meneses. Em suas apresentações, fazia gestos com a palma da mão que ficaram característicos. A composição é muitas vezes considerada a precursora do rap nacional, já que tem muitas partes, como o refrão, faladas. Não é à toa que, em 1999, a música foi regravada com a participação do grupo de rap Camorra.

Em 1965, ao substituir Baden Powell em um show no Teatro Paramount, em São Paulo, cantou ao lado de Elis Regina pela primeira vez. Ao lado da gaúcha, gravou o disco Dois na Bossa. O sucesso foi tanto que a parceria virou um programa de TV apresentado pelos dois na TV Record, chamado O Fino da Bossa.

No mês de março deste ano, Jair falou ao Fantástico sobre a amizade com Elis Regina. O sucesso de Elis e Jair Rodrigues foi tão grande que o programa dos dois durou três anos.

- Era uma coisa tão forte que as pessoas as vezes não entendiam nada: "O que que esses dois riem tanto? Tão rindo de quê?" - disse ao Fantástico de 16 de março deste ano.

No último sábado, o cantor participou do programa Sem Fronteiras, da Rádio Gaúcha. Divulgando seu último trabalho, o disco duplo Samba Mesmo, Jair Rodrigues acabou falando muito sobre sua relação com Elis. Ouça abaixo o programa na íntegra:

Jair contou que ouviu Elis pela primeira vez no Rio de Janeiro:

- Quando a Elis morava aí em Porto Alegre, a gente ficava sabendo que tinha uma menina que cantava no Clube do Guri. Mas eu fiquei sabendo mesmo da voz da Elis no finalzinho de 1964, quando eu estava num grande sucesso com um samba chamado Deixa Isso pra Lá. Fui para o Rio de Janeiro fazer a divulgação e, à noite, fui festejar, dar um giro e acabei no Beco das Garrafas, que era o reduto do pessoal da bossa nova, da música. Quando eu estava saindo, ouvi a voz da Elis, mas não conversei com ela. Em 1965, participei do programa do Airton Rodrigues (...) e a Elis estava também. Conversamos bastante e nos tornamos grandes amigos - contou ao comunicador Glênio Reis.

Sobre o show de Dois na Bossa, contou que a ideia inicial era fazer apenas uma apresentação, mas o sucesso foi tanto que outras duas tiveram que ser marcadas:

- Era para ter sido apenas uma apresentação. Mas aquele famoso pout-porri que nós ensaiamos, com vários sambas, deu uma grandiosidade ao show, que nos pediram para que fizéssemos mais dois espetáculos. Era para ser só no dia 8 de abril, mas acabamos fazendo em 8, 9 e 10 de abril.

No 1966, fez aquela que talvez seja sua apresentação mais conhecida e importante. Cantou Disparada, composição de Geraldo Vandré e Teo de Barros, durante o 2º Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record. Acabou dividindo o primeiro lugar da premiação com Chico Buarque, que havia apresentado A Banda.

Nos últimos anos, apostava em parcerias com os filhos, Jair Oliveira e Luciana Mello. Seu lançamento mais recente foi o disco duplo Samba Mesmo, em que cantava sucessos do samba e da seresta, como Se Você Deixar, Fita Amarela e Esses Moços. Além do formato físico, o álbum foi lançado no iTunes e no Deezer.

Em entrevista à Globo News, o pesquisador e crítico musical Ricardo Cravo Albin, amigo de Jair, destacou a habilidade do músico em se fazer gostar:

- Todos os brasileiros gostam da música de Jair. Ele era a pessoa mais viva, mais fraterna e, sobretudo, a mais brincalhona.

TOP 5

Músicas que ficaram famosas na voz do intérprete

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