Crítica
"Cinquenta Tons de Cinza" encontra força em Dakota Johnson. E só
Aguardado longa estreia nesta quinta-feira nos cinemas
É o personagem masculino quem costuma seduzir (literalmente) as fãs de Cinquenta Tons de Cinza, mas a sua adaptação para o cinema encontra força em nada além de seu contraponto feminino. Dakota Johnson, mais precisamente.
O filme que estreia nesta quinta-feira no circuito é um drama erótico bem ordinário, que se constrói em movimentos óbvios que não levam o espectador a lugar algum - a não ser ao deleite de algumas sequências de sexo, por sinal muito mais light do que sugeria o barulho provocado nos últimos meses.
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Christian Grey surge na tela personificado por um Jamie Dornan muito parecido com o serial killer que encarnou na ótima série britânica The Fall. Não que o ator esteja no piloto automático: em Cinquenta Tons de Cinza, Dornan parece mais tímido - consequência natural da falta de profundidade de seu personagem, construído a partir da mistura de psicologia barata com alguma obsessão por encaixá-lo nos clichês das mais óbvias fantasias sexuais.
Diretora de O Garoto de Liverpool (2009), Sam Taylor-Johnson demora demais preparando o terreno para a propalada entrada no "quarto dos jogos" mantido pelo Sr. Grey. Sem clima de suspense, a espera não se justifica. Pior: o que vem a seguir só aumenta a sensação de que tudo o que foi visto antes não valeu muito a pena. Ao menos há Anastasia Steele para irmos conhecendo melhor.
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A personagem de E.L. James é, igualmente, um clichê ambulante - exceto pelos exageros que perpassam cada um dos 125 minutos do longa (ela precisava mesmo ser virgem?). Mas a presença de Dakota Johnson faz a diferença. Sua inocência é equilibrada com uma dose considerável de vontade de descobrir o universo adulto, e mesmo a reiteração dos gestos é usada a seu favor pela jovem atriz. Não que não dê vontade de dizer para ela (para Sam Taylor-Johnson, na verdade) parar de morder insistentemente o lábio, mas sua capacidade de não se repetir, variando tiques e outros sinais corporais e explorando nuanças que nem o livro original, nem o roteiro de Kelly Marcel preveem, se faz digna de nota.
A jovem atriz parece ter captado que, em Cinquenta Tons de Cinza, mais interessante do que a trama propriamente dita é o que ela representa para a multidão de mulheres que idolatram o livro. De alguma forma, com maturidade surpreendente, Dakota Johnson construiu a imagem de todas elas.
Cinquenta Tons de Cinza
(Fifty Shades of Grey)
De Sam Taylor-Johnson
Drama, EUA, 2015.
Duração: 125 minutos.
Classificação etária: 16 anos.
Estreia nesta quinta-feira no circuito.
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