Os pinguins continuam adoráveis, mas é uma dupla de crustáceos da base da cadeia alimentar marinha que rouba o espetáculo em Happy Feet 2, sequência do desenho animado vencedor do Oscar que estreia hoje nos cinemas.

Will e Bill, como se chamam as figurinhas cascudas, são tão divertidos que poderiam muito bem ganhar seu próprio filme no futuro.

Ajuda na empatia o fato de, na versão em inglês, Brad Pitt e Matt Damon falarem pelos dois crustáceos - da espécie krill, parente do camarão. Na Capital, está disponível apenas uma cópia legendada. Em português, as vozes mais conhecidas são de Daniel de Oliveira, como Mano (Elijah Wood), o protagonista, e de Sidney Magal, incorporando o roliço Amoroso (Robin Williams, que faz também o pinguim hispânico Ramon no original em inglês).

O diretor e roteirista George Miller, que ocupou as mesmas funções em Happy Feet (2006), mantém o foco nas aves graciosas e suas aventuras, porém agregou ao enredo uma interessante abordagem sobre o meio ambiente acompanhando a viagem de Will e Bill, que driblam os perigos e tentam encontram seu lugar no mundo gelado em meio a animais famintos - por eles.

Os bichinhos vão se integrar à turma de Mano no momento em que o pinguim sapateador - que no primeiro filme viveu um conflito por não saber cantar como os demais - está às voltas com as inquietações de seu filhote, o fofíssimo Erik. Agora, é o guri que se sente deslocado no grupo por não saber dançar tão bem. Para resolver a situação, Mano conta com as dicas de Sven, pinguim voador que posa de guru de autoajuda sempre com uma pílula de sabedoria na ponta do bico. Mas pai e filho rebelde terão de acertar o passo diante de uma grande ameaça: o derretimento das geleiras provocado pelo aquecimento das calotas polares.

Happy Feet 2 repete os ingredientes que fizeram o primeiro filme ter tanto êxito: os personagens encantadores que fascinam crianças e adultos, músicas pop que embalam a dança e a cantoria no gelo (leia mais no destaque) e mais a paisagem antártica muito realista, cuja beleza fica mais ressaltada com o bom uso do sistema 3D - também estão disponíveis cópias convencionais.

Se os penhascos e picos nevados já exibiam boa textura em Happy Feet, nesta sequência o espectador sente que está prestes a tocá-los com as mãos. Já os cenários naturais parecem tão verdadeiros que se tem a impressão de estar olhando a paisagem real por uma janela, e não projetada numa tela de cinema.

Em um ano no qual a Pixar, habitual papa-tudo do Oscar de animação, deu um raro passo em falso com o fraco Carros 2, os pinguins festeiros já podem sonhar com o bicampeonato - por coincidência, Happy Feet derrotou Carros na cerimônia de 2007.

Cante e dance com os pinguins

Presente na trilha sonora do primeiro filme com Somebody to Love, a banda Queen está de volta com dois hits: Under Pressure, no original gravado em parceria com David Bowie, ganhou releitura pela cantora Pink, e We Are the Champions embala um grande coral dos pinguins .

Entre outras faixas conhecidas estão:

> Rawhide - Tradicional trilha de faroestes, em coro de elefantes marinhos.

> Tightrope - Na versão original que a própria autora, Janelle Monáe, nova diva da soul music, gravou no álbum The Archandroid.

> Bridge of Light - Canção de Pink composta para o desenho. A cantora, aliás, é quem dubla na versão em inglês Gloria, a parceira de Mano - no primeiro filme, a personagem teve a voz da atriz Britanny Murphy, que morreu em 2009.

Happy Feet 2 - O Pinguim
De George Miller.
Animação, Austrália, 2011.
Duração: 103 minutos. Classificação: livre.
Em cartaz a partir de hoje em cópias dubladas e legendadas, convencionais e em 3D (confira endereços e horários na Agenda Guia da Semana).