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Nas asas da invenção

Celso Loureiro Chaves lança disco de composições próprias

Concerto será nesta sexta, no Salão de Atos da UFRGS, em Porto Alegre

07/05/2013 - 17h37min

Atualizada em: 07/05/2013 - 17h37min


Fábio Prikladnicki
Fábio Prikladnicki
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Capa do CD de Celso Loureiro Chaves tem reprodução de obra de Eduardo Vieira da Cunha

Celso Loureiro Chaves não é um cara de muitas palavras.

Não entenda mal: não é que ele fale pouco; fala apenas o necessário.

Em meio ao discurso austero, no entanto, ele pode surpreender com uma gíria juvenil. Diz, por exemplo, que o maestro Antônio Carlos Borges-Cunha o "pilhou" para gravar o disco que lançará nesta sexta (10/5). O compositor, pianista e professor de 62 anos, colunista de Zero Hora, assume um tom sério quando fala sobre música, mas não acha que a música precisa ser uma coisa chata. A capa do disco é a reprodução de uma pintura de Eduardo Vieira da Cunha, com seus veículos que parecem de brinquedo. É uma referência ao título da primeira obra, Balada para o Avião que Deixa um Rastro de Fumaça no Céu. Divertido, o título lembra Armando Albuquerque (1901 - 1986), a quem é dedicada. Em 2001, Chaves gravou o disco Uma Ideia de Café, com composições para piano do mestre. O novo trabalho é o primeiro exclusivamente com obras de sua própria autoria. Na verdade, são apenas duas. A outra é Estética do Frio II - sim, uma referência à obra de Vitor Ramil, que também conta com citações de Luiz Melodia, Francis Hime, Vinicius de Moraes, Berlioz e canto gregoriano.

Espelho da personalidade do compositor, o álbum tem duração total de apenas 30 minutos. Foi gravado ao vivo, em outubro de 2012, com regência de Cunha. Participaram a Orquestra de Câmara Theatro São Pedro, a pianista Luciane Cardassi e o clarinetista Elimar Blazina. Chaves tocou a parte de piano da Balada... É a mesma escalação que estará no concerto desta sexta, às 20h, no Salão de Atos da UFRGS, com entrada franca.

Trata-se de um trabalho de música de concerto contemporânea, rótulo escorregadio utilizado para definir as composições - por vezes experimentais - criadas nas últimas décadas. Chaves descarta que seja "hermético":

- Claro que é estranho. Não tem melodia, as harmonias não são exatamente as que a gente está acostumado. Tem coisas estranhas, que podem exigir um pouco mais de tempo (de elaboração do ouvinte).

Qual o segredo para apreciá-lo?

- O que acontece, às vezes, é que as pessoas são impactadas, e este impacto impede que elas se deixem levar. O compositor sabe aonde está indo, sabe para onde está levando as pessoas. Confie no compositor.

Tendo como base o perfil da plateia que prestigiou a gravação do disco, em 2012, Celso acredita que o público da música contemporânea é "tão variado quanto as possibilidades da música de concerto hoje". Estamos excessivamente acostumados com mais do mesmo em matéria de música?

- Sim. Só que esse CD não é isso, é outra coisa. Portanto, exige um grau de atenção a mais. Vou ouvir realmente o que não conheço, não posso confiar naquilo que já sei.

O recado é claro. Confie em Celso Loureiro Chaves.


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