Bicharada



BICHARADA

Um ano após a enchente, pets são exemplo de superação

ONG 101 Viralatas é um dos locais que ainda abrigam animais resgatados e precisa de doações.

26/05/2025 - 09h42min

Atualizada em: 26/05/2025 - 11h28min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho

Passado um ano da enchente de maio, uma das maiores tragédias do Rio Grande do Sul, ainda há animais que procuram por um lar no Estado. Segundo dados do governo do RS, em todo o período da enchente, no mês de maio, foram 20 mil animais resgatados em abrigos. Muitos pets ainda não encontraram um lar e, com isso, suas casas provisórias se tornaram um espaço de carinho e afeto

Responsável por fazer guarda temporária, a ONG 101 Viralatas, de Viamão, enfrentou um período de dificuldades e trabalho duro ao longo da enchente. Quando as chuvas começaram na Região Metropolitana, a instituição voluntária de animais precisou agir. O espaço se tornou abrigo para novos moradores que foram sendo resgatados enquanto a chuva caía pelas cidades gaúchas. 

Durante o período, a ONG chegou a um número de quase 500 cães e gatos. Hoje, um ano depois da enchente, o espaço ainda abriga aproximadamente 30 animais resgatados. Ao todo são quase 400 animais abrigados no espaço. No ano passado, um mutirão foi instaurado e todos os animais que foram resgatados passaram por castração, vacinação e microchipagem. E, ao longo de um ano, os animais participaram de feiras de adoção para encontrar seus novos lares

Solidariedade

Com o chamado de ajuda, a comunidade se movimentou para contribuir com doações e trabalho voluntário. Franciele Amaral, 32 anos, professora de Porto Alegre, vestiu a camisa e se dispôs a auxiliar. Apesar de lembrar do período com tristeza, ela também sente gratidão pela mobilização de toda a comunidade

Em maio de 2024, Franciele foi afastada do trabalho por duas semanas. No entanto, percebeu que não conseguiria retornar às atividades de docência. Doutora em Diversidade Cultural e Inclusão Social, ela pediu demissão e passou a se dedicar em tempo integral à ONG. Atualmente, atua como gerente e tesoureira da instituição.

– Para mim foi um período muito difícil, porque eu fui liberada. E quando eles pediram para retornar, eu não conseguia porque ainda tinha muita coisa a ser feita – relembra.

Um ano depois, a gerente do espaço destaca que ainda é feito um trabalho muito cuidadoso e carinhoso para transformar a vida dos cães e gatos que estão na instituição. Como voluntária, ela enfatiza os benefícios de fazer parte de uma ação solidária:

– A minha vida mudou completamente. Eu posso dizer que não sou mais a mesma pessoa que eu era.  O que eu considero prioridade hoje é bem diferente do que a Franciele do ano passado considerava.

Ajude a instituição

A ONG realiza, há 15 anos, atividades de proteção e acolhimento animal. Como organização sem fins lucrativos, a instituição necessita de doações, ajuda voluntária e famílias adotivas para os animaizinhos. Franciele conta que entre as atividades que necessitam de voluntários está o manejo com os animais

Quando perguntada a respeito do que uma pessoa precisa para se tornar tutor, Franciele revela:

Sempre busque uma conexão. São conexões que se encontram através de presencialidade. Às vezes, parece que você encontrou um familiar que estava perdido.

Saiba mais informações sobre adoção ou voluntariado pelo Instagram: @101viralatas.

Conexão singular

Um exemplo de união entre tutores e animais resgatados na enchente foi o de Mel Regina. No início deste ano, a cachorrinha ainda era moradora do abrigo K9, de Canoas. A cadela cor caramelo estava na instituição desde a enchente. Em um dia despretensioso de janeiro, encontrou seu mais novo amigo, Sandro Aurélio de Oliveira, 51 anos, morador de Porto Alegre. 

Sandro é motorista de aplicativo e, no último ano, passou por uma separação. Com as mudanças em sua vida, decidiu que tinha chegado o momento de ter uma nova companhia. Ao visitar o abrigo, uma cachorrinha sorridente chamou a sua atenção. Sandro relembra que Mel era a única que possuía uma orelha a menos. Foi conexão imediata e, naquele mesmo dia, a caramelo já foi para seu novo lar

O tutor de Mel relembra que a adaptação à nova convivência foi muito tranquila e que eles vivem em harmonia. Ele descreve Mel como uma verdadeira filha e conta que “ela sempre demonstra ser agradecida”.

O motorista ainda destaca o carinho de Mel com toda a sua família e a conexão instantânea. 

Nosso amor é um sentimento assim que não tem explicação – declara Sandro.

*Produção: Josyane Cardozo



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