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Repasse de forma regular

Não se enforque no financiamento do carro novo

Falta de pagamento das prestações de veículos mais do que dobrou em 16 meses. A facilidade de crédito somado à falta de planejamento são as causas apontadas

10/05/2012 - 06h47min

Atualizada em: 10/05/2012 - 06h47min


Venda de carros a prazo caiu nas revendas

O sonho do carro na garagem até se concretizou, mas a realidade das altas parcelas está fazendo o consumidor perder o sono. Em março deste ano, a inadimplência do financiamento de veículos atingiu 5,7%, o maior valor registrado desde dezembro de 2010 pelo Banco Central (BC). Há dois anos, a inadimplência de pessoas físicas na aquisição de carros atingia 2,5%. Ou seja, a taxa mais que dobrou em 16 meses.

De acordo com especialistas, muitos consumidores se deslumbraram com a facilidade de crédito e com os prazos a perder de vista, não se planejaram corretamente e acabaram não cumprindo o compromisso.

- Compradores compulsivos, sem planejamento, se frustraram ao adquirir uma dívida pesada - analisa o economista e consultor de finanças pessoais André Cardoso Lemes.

Contratos caíram pela metade

Como consequência, os bancos reduziram a concessão de novos financiamentos neste ano. De fevereiro para março, segundo o BC, o estoque de linhas de crédito para compras de veículos não cresceu.

O gerente de seminovos da concessionária Simpala, Marcelo Rocha, 43 anos, relata que a inadimplência refletiu diretamente na venda de carros financiados. Em relação ao ano passado, os contratos caíram pela metade:

- Alcançávamos, em média, 50 contratos financiados diretamente conosco. No mês passado, por exemplo, fechamos apenas 22.

Tenha muito cuidado ao revender o carro financiado

Um consumidor de 42 anos, que pediu para não se identificar, financiou um veículo em 36 vezes em outubro de 2011. Quitou as duas primeiras parcelas e não conseguiu mais pagar. A parcela de R$ 522 era mais de 40% de seu salário mensal.

- Não dei entrada no financiamento. Estava certo de que a parcela se encaixaria no meu orçamento.

Decidiu revender o carro a um amigo. Cobrou as parcelas pagas e tentou passar o financiamento para o nome do comprador. Desde então, esbarrou na burocracia:

- A dívida está no meu nome. Já avisei a financeira que não posso mais pagar e revendi, mas eles me disseram que a pessoa que comprou o meu carro não passou no cadastro de crédito.

Nesta situação, o advogado especializado em Direito do Consumidor Hélio Bittencourt aconselha procurar a financeira, renegociar a dívida e revisar os juros.

- É melhor que ele desista da venda, se a pessoa está com restrição de crédito. A dívida ficará no nome dele e precisa ser paga - afirma.

Bancos puxam o freio

De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Bellini, o aumento da falta de pagamento obrigou os bancos a dificultar o fornecimento de crédito:

- No ano passado, com o aquecimento da economia brasileira, estava muito fácil conseguir financiar um veículo. Assistíamos a vendas de carros em 60 parcelas e sem entrada. Hoje, isso não existe mais.

Lembre-se dos custos extras

O que fica de alerta ao consumidor é a necessidade de planejamento antes de atirar-se na primeira oferta.

- Anos atrás, se comprava um carro novo, mas não se levava em consideração os custos extras, como seguro, impostos e manutenção. Hoje, isso está mudando - afirmou o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Décio Carbonari.

Não se endivide

- Antes de fechar negócio, junte o máximo de dinheiro e dê uma boa entrada, reduzindo o número de parcelas e os juros.

- Vá além de conferir o índice da taxa mensal. Normalmente, a revenda cobra a Taxa de Administração de Contrato (TAC), que pode beirar R$ 1 mil.

- Calcule os custos extras, como manutenção, combustível e estacionamentos.

Como sair do aperto

- A melhor opção para quem não conseguiu pagar as parcelas do financiamento é a renegociação dos juros com o banco ou financeira.

- Todos os valores a serem cobrados em caso de não pagamento das parcelas devem estar previstos em contrato. Se houver dúvida, o consumidor deve levar o contrato ao Procon para que seja avaliada a possível irregularidade do contrato.

- O advogado Lisandro Calir Biacchi Adames afirma que no caso de inadimplência sem condição de renegociação pelo consumidor, é possível devolver amigavelmente o veículo, assinando um termo próprio. Feito isso, deve-se aguardar o leilão que a financeira irá promover com os veículos retomados. Em alguns casos, existe a possibilidade de receber parte do dinheiro de volta, dependendo do montante que pagou.

Simulação

- Uno Economy 1.4 2012
- Valor do veículo: R$ 28 mil
- Entrada: R$ 5 mil
- Em 60 parcelas: R$ 554,44 (fixas)
- Total do financiamento: R$ 33.266,40
- Taxa média de juros: 1,3%
- Total além do valor do veículo: R$ 5.266,40


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