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Aniversário da Carris: uma história dos tempos do bonde

Jorge Gomes Monteiro, 67 anos, trabalhou na Carris a época dos bondes. A empresa, que completou 140 anos esta semana, é a sua segunda família

22/06/2012 - 07h47min

Atualizada em: 22/06/2012 - 07h47min


Jorge Gomes Monteiro foi motorneiro e motorisra da Carris por 40 anos

Ele tem vivos na memória datas e fatos que costuram a sua história com a da Carris. Aos 67 anos, Jorge Gomes Monteiro, mais conhecido pelo apelido de Minissaia, é um dos personagens que fazem parte dos 140 anos da empresa de transporte público, completados na terça-feira.

De condutor (cobrador) a chefe de distribuição, passando por motorneiro (funcionário que dirigia o bonde) e motorista, ele trabalhou na Porto Alegre dos trilhos e acompanhou a chegada dos ônibus. Foram quatro décadas vinculado à empresa, na qual também exerceu as funções de instrutor de direção defensiva - o primeiro na Capital.

- A minha segunda família é a Carris. Para mim é um orgulho - destaca.

Tempo de amizades

As melhores histórias são do tempo dos bondes, do qual sente saudade. Apesar de ter desempenhado tantas funções, ele se apresenta como motorneiro, seu ofício do coração. Lembra que, no bonde, existia uma relação de amizade com os passageiros, que ficavam todos ao redor, muito próximos.

- Tinha uma senhora que, quando chegava perto da Igreja das Dores, eu aliviava para ela se benzer. Os pais confiavam os filhos pra gente levar na escola - recorda.

Apelido veio de brincadeira

E, para quem pergunta sobre o apelido, Monteiro explica: foi admitido em 1965, época em que surgia a minissaia, e um colega sugeriu a brincadeira. Pouco depois, dois deles gritaram "ô, minissaia!". Ele se virou na hora, e o apelido nunca mais foi esquecido.

Um gaúcho de coração

Esse simpático carioca chegou ao Rio Grande do Sul aos seis anos. Depois de morar por sete anos em Pelotas, veio com a família para o Bairro Jardim Botânico, onde conheceu sua mulher. Na época, ele tinha 13 anos, e ela 12.

O namorico de juventude se manteve por cartas enquanto Monteiro servia ao Exército no Rio de Janeiro. De volta a Porto Alegre, ele se casou poucos dias antes de entrar para a Carris. Tem três filhos e oito netos.

- Tive o prazer de dois dos meus filhos trabalharem comigo - comemora.

Depois de 30 anos de Carris, trabalhou por mais dez como motorista da prefeitura. Aposentou-se e, após sete anos, voltou à ativa: há seis meses, dirige caminhões, também para o município.

- Eu gosto de dirigir, sempre gostei.

TUDO COMEÇOU EM 1872

Criada em 19 de junho de 1872, mediante decreto do Imperador Dom Pedro II, a Carris cresceu junto com Porto Alegre. É a mais antiga empresa de transporte coletivo do país em atividade.

Em 1908, comprou o primeiro bonde elétrico, para substituir o sistema de tração animal. Os ônibus entraram em operação em 1929, dividindo espaço com os bondes até 1970.

Hoje, a empresa transporta 300 mil passageiros diários, conta com quase 2 mil servidores, tem 362 veículos na frota e opera 28 linhas urbanas.


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