Asfalto novo
Depois de muitos anos, ruas da Capital recebem asfalto
A satisfação dos moradores de vias recém asfaltadas é surpreendente. Alguns metros de pavimentação podem mudar muito a rotina das pessoas
Os versos da cantiga popular "Se Essa Rua Fosse Minha" contam com romantismo a vontade de quem quer melhorar o pavimento de uma via. Mas, na vida real, muitas pessoas também esperam ansiosas por este tipo de melhoria.
O Diário Gaúcho conversou com moradores da Rua 1, na Cefer 2, que não foi ladrilhada com pedrinhas de brilhantes, mas recebeu uma camada de asfalto para quem quiser passar. Eles contam como a pavimentação faz diferença no dia a dia.
Foi em cima do salto que Cristina Soares da Rosa recebeu a equipe da Smov, no Bairro Jardim Carvalho, há duas semanas. O sapato alto estava empoeirado no armário, já que os cascalhos não permitiam que saísse de casa com ele.
Prejuízos e sujeira acabaram
As vizinhas também se empolgaram com a via asfaltada.
- Do meu quarto, só escuto o "tlec- tlec" dos saltinhos. Antes, as mulheres só usavam sapato baixo, porque não havia como caminhar aqui - brinca a dona de casa.
Em março, uma reportagem do Diário Gaúcho registrou a precariedade da via. A terra vermelha que sujava as fachadas era uma das principais reclamações dos moradores.
Os 27 anos de espera tiveram fim em menos de 24 horas. Os prejuízos com os veículos também acabaram, para alegria do taxista Rogério Luis Mello, 47 anos:
- Melhor de tudo é não gastar com mecânico.
Todos estão satisfeitos
A satisfação é nítida no rosto dos moradores. Cristina conta como está gostoso cuidar do lar e do orgulho ao receber visitas:
- As pessoas achavam difícil chegar à minha casa. Quando os parentes viram a mudança, ficaram muito surpresos.
Investimento de R$ 30 milhões
A Smov esclarece que, desde 2007, foram repavimentados 250 trechos na maioria dos bairros. Isto representa mais de 80km das principais vias da cidade, com investimentos de mais de R$ 30 milhões. Paralelamente, a Operação Tapa Buracos coloca nas ruas, diariamente, 14 equipes para recuperar estragos. A cada dia são aplicadas de 25 a 50 toneladas de asfalto. Há ainda os trabalhos de pavimentação comunitária, tendo sido investidos, desde 2006, R$ 20 milhões na melhoria de vias da periferia.
O titular da Secretaria de Obras e Viação, Adriano Borges Gularte, lembra que uma rua asfaltada significa qualificação na infraestrutura.
Realidade de uns, sonho de outros
Enquanto os moradores da Rua 1 comemoram a chegada do asfalto, os residentes da Rua da Represa, no Bairro Coronel Aparício Borges, comem poeira, literalmente.
Uma grossa camada de pó cobre as frutas e verduras de Terezinha Oliveira Gonçalves, 53 anos, comerciante da via há cinco anos.
- As maçãs não têm o mesmo brilho nem o mesmo gosto - lamenta.
Como em toda a via de chão batido, os dias de chuva são os piores. Sem asfalto, tomada por terra e britas, a rua se transforma num verdadeiro lamaçal.
- Os carros precisam passar no atoleiro. Não é saudável viver assim - diz a comerciante.
Para prolongar a agonia de Terezinha, a Smov não deu previsão de melhorias na Rua da Represa. O órgão diz que a obra não consta no Orçamento Participativo.