Sopão a perigo
Geada faz o preço do sopão disparar e esfria o bolso do consumidor
Ingredientes usados para um dos pratos típicos de inverno estão cada vez mais caros. Em alguns casos, como brócolis, milho e couve-flor, a alta supera 40%
As baixas temperaturas registradas na semana passada elevaram o preço dos ingredientes de um prato calórico que apetece sempre que chega o frio: a sopa de legumes. De acordo com o comparativo semanal da Ceasa, divulgado na quarta-feira, o brócolis, a couve-flor, a vagem e o milho destacaram-se em alta, entre 40,38% e 66,67%. Esses produtos encareceram por conta da geada e o milho verde subiu também pela procura maior - consta em grande parte das receitas de sopa.
Safra de milho sofreu bastante
Conforme a análise, a vagem não suporta temperaturas muito baixas e o milho também reduz sua oferta à medida que o frio vai aumentando. Alface, pimentão verde e chuchu também registraram alta em relação ao estudo da semana anterior (5 de junho).
Ontem, na Feira Modelo do Bairro Bom Jesus, o feirante Lucas Eduardo Wadenphul, 31 anos, mostrou o efeito do gelo da semana passada na palha do milho, que ficou queimada. Uma parte do que seria comercializado foi inutilizado, servindo apenas para a ração dos animais. Cinco espigas eram vendidas a R$ 2.
O feirante Altemir Guilardi, 41 anos, observa que a vagem já está 40% mais cara. O pacote estava custando R$ 2.
Calor ajuda na recuperação
- Eu faço salada de vagem - comentou a doméstica Deloir Silva dos Santos, 49 anos, que não deixa de comprar o produto mesmo que esteja em alta.
Mas não é possível afirmar que todos os produtos vão continuar pesando no bolso. Amauri Moraes Pereira, gerente técnico da Ceasa, esclarece que o calor dos últimos dias favorece a recuperação das culturas que não foram afetadas pelo frio intenso e explica que há variedades de folhosas, por exemplo, que toleram o frio (entre 4ºC e 5ºC).
Pretinho salgado
O preço do feijão deve aumentar até 20% nos supermercados nos próximos dias, mas pelas perdas provocadas pela seca. Dados do Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe), da Ufrgs, apontam no último ano uma variação de 20,27% no preço pago pelo feijão nos supermercados da Capital. Esse aumento pode dobrar no Estado nos próximos 15 dias, segundo o gerente executivo da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Francisco Schmidt. O preço deve se manter elevado no súper pelo menos até outubro, projeta a Agas. A partir desse mês, começa a entrar no mercado o produto da próxima safra.
A alta dos legumes
* Comparativo semanal da Ceasa/12 de junho
- Alface (pé): 19,05%
- Brócolis hibrido (unidade): 66,67%
- Couve-flor (cabeça): 40,38%
- Chuchu (kg): 13,25%
- Milho verde (sacola com três unidades): 44,44%
- Pimentão verde (kg): 20%
- Tomate caqui longa vida (kg): 14,29%
- Vagem (kg): 60%
- Batata branca especial (kg): 18,18%
- Batata doce (kg): 11%
- Batata rosa (kg): 5,88%
- Cenoura (kg): 12%
- Aipim (kg): 7,69%