Tricô é coisa de vovó, certo? Errado! A arte de tricotar vai além de qualquer idade e é mais do que fazer mantas, blusas e coletes para espantar o frio. Quem se dedica, garante: é uma terapia. Novas técnicas, como a tricotagem sem agulha, são capazes de uma produção mais rápida, dando margem a um novo negócio.

As novas lãs que surgiram no mercado fazem a imaginação das tricoteiras borbulhar e as incentiva a inventarem moda, literalmente. Há três anos, a artesã Gláucia Rodrigues da Silva, 37 anos, dá aulas para quem quer aprender ou simplesmente aprimorar a técnica.

- Até a saúde se beneficia

Fernanda Silva, 38 anos, é uma das alunas cuja saúde se beneficia com o encontro semanal das tricoteiras. Os remédios que tomava para a síndrome do pânico não foram tão eficazes quanto as agulhas e a lã. Há três anos, quando aprendeu a tricotar, a moradora do Centro de Canoas sequer tinha vontade de sair de casa.

Ao conhecer o curso pela tevê, a curiosidade bateu. E, desde o primeiro dia, não faltou uma aula sequer.

- Me ajudou a querer sair, a conviver com outras pessoas. Para vir até aqui, pego ônibus, coisa que eu não fazia antes. Sem contar que tudo o que fazemos é exclusivo, ninguém tem igual - relata a dona de casa.

A aluna Iara Fontoura dos Santos, 61 anos, também foi além do prazer de entrelaçar a lã nas duas agulhas. A aula é uma fisioterapia para a dona de casa que, há sete anos, sofreu um acidente e precisou colocar oito pinos no braço.

- Ela chegou aqui e mal mexia a mão direita. Hoje, já trabalha tranquilamente e na mesma velocidade das outras - explica Gláucia.

Paixão que vem da infância

Desde pequena, Glaucia teve contato com o artesanato. Na infância da professora, a mãe teve problemas e precisou ficar no hospital. A menina, então, teve de passar uns tempos na casa da vizinha.

- Elas sentavam no sofá e ficavam tricotando. Era fascinada por aprender - lembra.

Há quatro anos, ela precisou abandonar a profissão de vendedora para cuidar do filho adoentado. Quando quis voltar a trabalhar, teve problemas para arranjar um emprego.

- Tive uma grande dificuldade e foquei no que eu sabia fazer bem. Comecei a dar aulas e hoje sou completamente realizada. Toda semana invento alguma coisa - afirma.

Não precisa nem agulha

A grande variedade de lã, hoje, já permite que o tricô seja feito sem agulhas. Com lã tipo Animal, por exemplo, é possível fazer uma manta em menos de dois minutos. A Sensual Fricote é diferente das normais: é rendada. Com ela, mantas podem ser confeccionadas com os dedos. Demora, em média, duas horas para ficar pronta. Os novelos custam de R$ 9 a R$ 20.