Natureza em perigo
Ameaça à vizinha centenária
Figueira que antes tinha pomar, tambo e vacas, agora sofre com falta de cuidados
Ela já era de grande porte quando a dona de casa Maria Conceição Pereira Fraga, 80 anos, foi morar na Rua Cirino Prunes, no Bairro Espírito Santo. E lá se vão 48 anos. Hoje, ela continua frondosa, mas machucada. E não é o tempo o responsável pelos danos na figueira centenária, mas os rituais religiosos em torno dela, na esquina com a Rua Jorge Oscar Gay da Fonseca.
Com a queima de velas e de carvão, o tronco da árvore está chamuscado. Ao seu redor, todo tipo de sujeira: restos de animais mortos, bandejas, embalagens de doces, frutas, garrafas.
- Esses dias, a minha filha veio apagar o fogo com a vassoura, porque estava pegando na árvore - conta a dona de casa.
"Fico muito sentida, porque ninguém cuida"
Logo que Maria se mudou, o terreno abrigava um tambo, com vacas e um pomar. A família se reunia para tomar chimarrão e conversar à sombra da figueira. Hoje, a árvore agora sofre com a falta de cuidados.
- Tenho pena dessa árvore. Eu adoro, é a coisa mais linda. Fico muito sentida, porque ninguém cuida - desabafa a moradora.
Cuidados com velas
Segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), agressões às árvores, como colocar fogo e podas irregulares, podem ser punidas com multas. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 3289-7542.
Em relação às práticas afro-umbandistas, o trabalho da secretaria é voltado à educação ambiental. Em caso de uso de velas, o local escolhido deve estar limpo e as velas devem ser fixadas, para evitar que caiam e provoquem incêndios. Jamais devem ser colocadas junto a raízes de árvores e em troncos ocos.
No caso específico da figueira, a Smam promete ações de fiscalização na região, para tentar identificar irregularidades.