Canteiro de obras
Avenida Tronco sai do papel
A duplicação da via da Capital, uma das melhorias prometidas para a Copa de 2014 já começou
A avenida que promete desafogar o acesso à Zona Sul de Porto Alegre já está com cara de canteiro de obras - pelo menos em um trecho de 700m. Operários e máquinas circulando formam o cenário na Avenida Moab Caldas, no ponto onde começaram os trabalhos de duplicação de 5,3km da Avenida Tronco.
O desafio será não parar o serviço. A prefeitura iniciou as obras em um trecho sem necessidade de desapropriações, enquanto espera que o processo de transferência das 1,4 mil famílias que moram sobre o futuro leito da avenida ocorra em ritmo acelerado, para não comprometer a obra.
Falta construir as casas
Já foram adquiridas 19 áreas nas proximidades da região, nas quais serão construídas, por meio do programa Minha Casa Minha Vida, cerca de mil residências. Mas nenhum tijolo foi assentado ainda. A fase atual é de chamamento das empresas interessadas em fazer a construção.
O processo de transferência pode ganhar agilidade graças aos moradores, que estão aceitando receber da prefeitura o bônus moradia, por meio do qual serão adquiridas casas já construídas. Já há 329 famílias nesse grupo.
Apesar das dificuldades, a prefeitura mantém a esperança de entregar a obra até a Copa de 2014. A previsão inicial era para dezembro do ano que vem. A nova avenida utilizará trechos das vias Silva Paes, Moab Caldas, Tronco, Cruzeiro do Sul e da Divisa.
O custo da duplicação é de R$ 140 milhões.
Há 40 anos no Plano Diretor
Prevista há quatro décadas no Plano Diretor, a Avenida Tronco terá 40m de largura, comportando duas pistas para carros em cada lado, corredor de ônibus e ciclovia em toda a sua extensão, que vai do Hipódromo do Cristal até a Terceira Perimetral, com um bifurcação para as imediações do Estádio Olímpico. Também estão previstas intervenções paisagísticas nas rótulas.
Impacto no trânsito
A duplicação da Avenida Tronco tem importância para a Copa, porque facilitará o acesso ao Beira-Rio, mas é vital para Porto Alegre. O professor João Fortini Albano, do Laboratório de Sistemas de Transportes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), observa que a Zona Sul está estrangulada. Há duas alternativas: a Terceira Perimetral ou o caminho pelas avenidas Padre Cacique, Diário de Notícias e Wenceslau Escobar.
- Essas duas rotas estão esgotadas. A Avenida Tronco será uma alternativa situada entre as duas. É uma obra superimportante - diz João.
Impacto urbanístico
A abertura de uma grande avenida dotada de infraestrutura perto da área central deve mudar o perfil do entorno. Maria Isabel Marocco Milanez, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UniRitter, prevê o interesse de construtoras, atraindo moradores.
- Com a valorização da área, virá a construção, que chama mais gente e mais carros. Se não houver planejamento, a capacidade da Tronco vai se esgotar rápido, como foi o caso da Terceira Perimetral - diz ela.
Para a Zona Sul, avalia a professora, a obra representa um desafogo, mas a resposta é tímida em relação ao crescimento populacional:
- A Zona Sul explodiu. A Tronco diminui um pouco o impacto disso. Mas é uma duplicação que chega com atraso de 40 anos. É preciso pensar em mais opções.