Ciclismo
Degraus de aventura
Apaixonados por bicicletas encontraram em escadarias do Centro da Capital o lugar ideal para praticar um esporte radical, com descidas em alta velocidade
A cada degrau que se desce, a adrenalina sobe. Um grupo de ciclistas transformou escadarias do Centro de Porto Alegre em pistas para descidas velozes de bicicletas. Eles são praticantes de um esporte diferente e radical: o downhill (morro abaixo) urbano (DHU).
Entre as preferidas, estão as do viaduto Otávio Rocha, que já atraiam o olhar pela arquitetura, e agora também chamam a atenção pelos saltos de quase um metro sobre os degraus. Na escada que liga a Rua Duque de Caxias à Avenida Desembargador André da Rocha, estreita e íngreme, a emoção aumenta.
Seis anos de prática radical
Giovane Irribarem de Mello, 40 anos, professor de Física, Archimedes Borowski, 34, analista de sistemas, Leandro Sberzesengik, 39, professor de Italiano e Espanhol, e Daniel Piamolini, 29, paisagista, se conheceram por meio da paixão pelo ciclismo.
- Praticamos juntos há cerca de seis anos, às vezes com mais gente, outras com menos - explica Giovane.
Não há um dia certo para a aventura. Para não haver risco aos pedestres, só descem quando as escadarias estão vazias e buscam os horários de menor movimento.
Escadarias mapeadas
Em Porto Alegre, Giovane já mapeou e registrou em vídeo mais de 15 escadas (http://migre.me/9PWQ8). A Praça Dom Luiz Felipe de Nadal, no Moinhos de Vento, o Parque Germânia e até o Viaduto Jayme Caetano Braun, no cruzamento das avenidas Carlos Gomes e Nilo Peçanha, oferecem descidas radicais.
As bikes são especiais, com suspensão e freio hidráulico. A maioria é de alumínio, importada.
O grupo não quer virar profissional. Testar os limites no pedal já é motivação bastante para se jogar escada abaixo.
- Estabelecer um desafio e conseguir superá-lo traz uma sensação muito boa - descreve Giovane.
Dos morros para as escadarias
O esporte se originou no downhill, nascido na Califórnia na década de 70, que consiste em descer uma trilha de morro ou montanha o mais rápido possível.
- O Morro Santana (Zona Leste) e o Tapera (Zona Sul) têm ótimas trilhas pelo mato - indica Daniel.
A Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) organiza um campeonato nacional. Já o chamado downhill urbano é uma adaptação para espaços dentro das cidades, especialmente escadas.
O Rio Grande do Sul tem tradição no downhill e organiza o maior número de provas no Brasil: dez. No ranking da CBC, os atletas gaúchos lideram oito das 12 categorias da modalidade. Entre os dias 27 e 29 deste mês, Bento Gonçalves vai receber o Campeonato Brasileiro de Downhill 2012.
Os gaúchos também são pioneiros nas competições oficiais de DHU. No ano passado, milhares de pessoas assistiram ao primeiro campeonato de DHU de Bento Gonçalves. A segunda edição está marcada para 29 de setembro.
FGC quer prova na Capital
Segundo o presidente da Federação Gaúcha de Ciclismo, Marcos Lorenz, a realização de uma prova em Porto Alegre já foi discutida anteriormente com a Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer (SME).
- Temos esperança de fazer uma etapa de DHU na Capital, porque no Interior o esporte é bem conhecido. Lugar tem, só falta boa vontade - afirma.
De acordo com o atual secretário, José Edgar Meurer, a SME está aberta para negociar um local e buscar as licenças necessárias para receber o evento.
- Vi a etapa de Santos (uma das mais conhecidas do país), é um espetáculo bárbaro. Nós queremos fazer essa atividade aqui também - declara Meurer.
Fique atento!
Proteção
O capacete é o item mais importante. Dê preferência aos modelos fechados, para proteger a região do maxilar.
Luvas emborrachadas, caneleiras e joelheiras também são indispensáveis.
O colete reduz o impacto nos ombros, no peito e na coluna cervical.
Bike
Bicicletas de passeio não suportam o impacto das descidas de escada. É necessário um modelo especial.