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Ciclismo

Degraus de aventura

Apaixonados por bicicletas encontraram em escadarias do Centro da Capital o lugar ideal para praticar um esporte radical, com descidas em alta velocidade

17/07/2012 - 06h14min

Atualizada em: 17/07/2012 - 06h14min


Emoção na André da Rocha

A cada degrau que se desce, a adrenalina sobe. Um grupo de ciclistas transformou escadarias do Centro de Porto Alegre em pistas para descidas velozes de bicicletas. Eles são praticantes de um esporte diferente e radical: o downhill (morro abaixo) urbano (DHU).

Entre as preferidas, estão as do viaduto Otávio Rocha, que já atraiam o olhar pela arquitetura, e agora também chamam a atenção pelos saltos de quase um metro sobre os degraus. Na escada que liga a Rua Duque de Caxias à Avenida Desembargador André da Rocha, estreita e íngreme, a emoção aumenta.

Seis anos de prática radical

Giovane Irribarem de Mello, 40 anos, professor de Física, Archimedes Borowski, 34, analista de sistemas, Leandro Sberzesengik, 39, professor de Italiano e Espanhol, e Daniel Piamolini, 29, paisagista, se conheceram por meio da paixão pelo ciclismo.

- Praticamos juntos há cerca de seis anos, às vezes com mais gente, outras com menos - explica Giovane.

Não há um dia certo para a aventura. Para não haver risco aos pedestres, só descem quando as escadarias estão vazias e buscam os horários de menor movimento.

Escadarias mapeadas

Em Porto Alegre, Giovane já mapeou e registrou em vídeo mais de 15 escadas (http://migre.me/9PWQ8). A Praça Dom Luiz Felipe de Nadal, no Moinhos de Vento, o Parque Germânia e até o Viaduto Jayme Caetano Braun, no cruzamento das avenidas Carlos Gomes e Nilo Peçanha, oferecem descidas radicais.

As bikes são especiais, com suspensão e freio hidráulico. A maioria é de alumínio, importada.

O grupo não quer virar profissional. Testar os limites no pedal já é motivação bastante para se jogar escada abaixo.

- Estabelecer um desafio e conseguir superá-lo traz uma sensação muito boa - descreve Giovane.

Dos morros para as escadarias

O esporte se originou no downhill, nascido na Califórnia na década de 70, que consiste em descer uma trilha de morro ou montanha o mais rápido possível.

- O Morro Santana (Zona Leste) e o Tapera (Zona Sul) têm ótimas trilhas pelo mato - indica Daniel.

A Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) organiza um campeonato nacional. Já o chamado downhill urbano é uma adaptação para espaços dentro das cidades, especialmente escadas.

O Rio Grande do Sul tem tradição no downhill e organiza o maior número de provas no Brasil: dez. No ranking da CBC, os atletas gaúchos lideram oito das 12 categorias da modalidade. Entre os dias 27 e 29 deste mês, Bento Gonçalves vai receber o Campeonato Brasileiro de Downhill 2012.

Os gaúchos também são pioneiros nas competições oficiais de DHU. No ano passado, milhares de pessoas assistiram ao primeiro campeonato de DHU de Bento Gonçalves. A segunda edição está marcada para 29 de setembro.

FGC quer prova na Capital

Segundo o presidente da Federação Gaúcha de Ciclismo, Marcos Lorenz, a realização de uma prova em Porto Alegre já foi discutida anteriormente com a Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer (SME).

- Temos esperança de fazer uma etapa de DHU na Capital, porque no Interior o esporte é bem conhecido. Lugar tem, só falta boa vontade - afirma.

De acordo com o atual secretário, José Edgar Meurer, a SME está aberta para negociar um local e buscar as licenças necessárias para receber o evento.

- Vi a etapa de Santos (uma das mais conhecidas do país), é um espetáculo bárbaro. Nós queremos fazer essa atividade aqui também - declara Meurer.

Fique atento!

Proteção

O capacete é o item mais importante. Dê preferência aos modelos fechados, para proteger a região do maxilar.

Luvas emborrachadas, caneleiras e joelheiras também são indispensáveis.

O colete reduz o impacto nos ombros, no peito e na coluna cervical.

Bike

Bicicletas de passeio não suportam o impacto das descidas de escada. É necessário um modelo especial.


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