Projeto no papel
Duplicação na Caminho do Meio ficou só na promessa
Obra em via que passa por Porto Alegre, Alvorada e Viamão depende de recursos federais. Orçamento de 2012, porém, não prevê verba
Anúncio de político é como promessa de casamento: demora até se concretizar ou simplesmente não se realiza por vários motivos. Em 2010, a bancada gaúcha na Câmara dos Deputados fez brilhar os olhos dos moradores do leito da Estrada Caminho do Meio, como é conhecido o trecho que começa no fim da Avenida Protásio Alves, em Porto Alegre, e segue por Alvorada até a parada 54 de Viamão.
Emenda ficou na promessa
Uma emenda parlamentar, aprovada pelos deputados naquele ano, garantiria recursos para duplicação da via, que liga as três cidades.
Mas, até hoje, o projeto não saiu do papel. A população, que sonhou com a nova rodovia - como a noiva sonha com o altar -, sente-se traída.
- Fluxo de veículos aumentará
Morador de um condomínio ao lado da estrada, em Alvorada, o corretor de imóveis Victor Kotula Filho, 57 anos, afirma que a frustração é tão grande como foi a expectativa. Sem a duplicação da estrada, o congestionamento só aumenta e os pedestres arriscam a vida caminhando em uma pista sem acostamento.
- Quando um carro bate ou estraga por aqui, o engarrafamento é enorme. E a tendência é piorar. Com a construção em andamento de novos condomínios, o fluxo de veículos irá aumentar muito mais - prevê o corretor.
- Comunidades devem pressionar
De acordo com o coordenador da bancada gaúcha na Câmara, deputado federal Renato Molling (PP), os moradores da região devem se mobilizar para pedir aos representantes do Legislativo que lutem novamente pelo projeto em Brasília. A bancada do Estado pode sugerir, no máximo, 20 emendas ao Orçamento de 2013. E a duplicação da Caminho do Meio não está entre elas.
- Recebemos mais de 70, 80 pleitos, alguns são enviados pelo Executivo. Por isto, não gostamos de criar expectativas para depois frustrar a população - revelou o deputado.
O projeto
- Pelo projeto original, o governo federal enviaria R$ 40 milhões, e o Estado, como contrapartida, entraria com R$ 10 milhões.
- Em 2010, a emenda entrou no orçamento da União, mas o valor não foi empenhado no ano seguinte.
- Em 2011, ela foi reapresentada no valor de R$ 19 milhões, mas não obteve votos suficientes para ser incluída no orçamento de 2012.
- Este ano, ela não está entre as prioridades dos parlamentares gaúchos.
Projetos da obra estão prontos
O Estado fez a sua parte. Além de garantir os R$ 10 milhões de contrapartida para a obra, o governo afirma que os projetos executivos estão prontos. Segundo o arquiteto e diretor-superintendente da Metroplan, Oscar Escher, o processo de solicitação do licenciamento ambiental aguarda apenas uma sinalização do governo federal para ser iniciado. A Secretaria de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano informa que o começo dos trabalhos depende da liberação dos recursos em Brasília.