Política



Um candidato só?

Passados quatro anos, maioria dos municípios desistiu do consenso

Das 30 comunidades que tiveram acordo na eleição de 2008, cinco devem repetir a experiência

01/07/2012 - 05h01min

Atualizada em: 01/07/2012 - 05h01min


Em 2008, 30 municípios do Estado apostaram em uma fórmula eleitoral inusitada: os partidos deixaram as diferenças de lado e lançaram um único candidato a prefeito.

Quatro anos depois, a receita desabou. Apenas cinco daquelas 30 cidades devem repetir a experiência em outubro.

Isso não significa que não existam novas campanhas de consenso sendo negociadas pelo Interior, mas os números demonstram que dificilmente elas se repetem. Eleições sem disputa têm um forte apelo em cidades pequenas - reduzem a rivalidade em uma comunidade onde todos se conhecem e facilitam o trabalho conjunto em nome de demandas locais. Em Taquaruçu do Sul, no norte do Estado, por exemplo, a união das legendas permitiu buscar, em diferentes fontes, as verbas que bancaram a construção do Centro de Agricultura.

- De tantas obras de tijolo, a maior foi o bem-estar da comunidade - diz o prefeito Mauro Sponchiado (PT).

O petista está no segundo mandato, mas a união partidária deve se manter. Apenas Taquaruçu do Sul e outros quatro municípios devem repetir a dose. No restante, o cenário é de disputa, como em São José do Sul, no Vale do Caí. Lá, o consenso foi derrubado no meio do caminho. O prefeito Anildo José Petry rompeu com o PP e tentará a reeleição pelo PSB. Seu adversário? Mário Rohr, um antigo colega do PP.

Além das disputas naturais, há um outro fator: a insatisfação do eleitorado. Da lista de 10 municípios com maior percentual de votos brancos em 2008, todos tiveram candidatos concorrendo sozinhos a prefeito. Em Alegria, no noroeste do Estado, onde o acordo envolveu até a composição da Câmara, a população rejeitou a ideia.

- Não engoliram o consenso, queriam poder escolher - diz o secretário-geral de Governo, Alvaro Filipin (PP).

O cientista político Daniel de Mendonça, da Universidade Federal de Pelotas, afirma que a eleição por acordo retira do eleitor a oportunidade de escolher, a partir do debate de propostas, o candidato que ele considere mais capaz para administrar o município.

- O consenso é falso, não é feito no sentido de se doar para a coisa pública. É só divisão de poder, divisão de empregos - afirma Mendonça.


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