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De um galpão para outro?

Aula no galpão: alunos da Capital continuam sem escola

Jovens da Escola Estadual Nehyta Martins Ramos estudam em um galpão, mas devem ser transferidos para outro, ainda menor

01/08/2012 - 07h08min

Atualizada em: 01/08/2012 - 07h08min


Alunos da Escola Estadual Nehyta Martins Ramos ainda não têm local definido para estudar

O segundo semestre começou, mas os alunos da Escola Estadual Nehyta Martins Ramos, no Bairro Belém Novo, não sabem onde vão estudar até o final do ano. Acampados no CTG Lanceiros da Zona Sul desde maio, quando o prédio da escola foi interditado por problemas na rede elétrica, eles enxergam uma sala de aula de verdade como um sonho distante.

O prazo para que os 180 estudantes permaneçam no CTG se encerra no final de agosto. Antes disso, no dia 20, os móveis já devem ser retirados para ser levados ao Acampamento Farroupilha.

- Eu já não sei mais o que vai acontecer. Não sei o que a gente vai dizer - desabafa a diretora Mara Regina Romeira.

- Perda da identidade

Uma das opções é um galpão que fica em frente ao prédio interditado da escola. Ele é bem menor que o espaço do CTG, e precisa de reformas - está cheio de frestas, goteiras, tem rede elétrica e hidráulica precárias.

- Mesmo reformado, não temos condições físicas. Se viermos para cá, teremos que fazer rodízio de turmas, porque não tem espaço para todos - relata Mara.

Outra proposta é um sítio oferecido pela avó de um aluno, que teria condições de abrigar os estudantes, mas fica a 13km de distância e requer transporte escolar. Nesse caso, os cerca de cem alunos da noite teriam que continuar separados, estudando em salas emprestadas em um colégio próximo.

- Chega a dar uma dor. A nossa identidade como escola foi perdida - lamenta a diretora.

Escola, só em março de 2013

O diretor administrativo adjunto da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), Roberto Adornes, afirma que, ontem, uma equipe de obras fez uma vistoria no galpão e outra, da área pedagógica, visitou o sítio oferecido pela avó de um aluno, para avaliar as condições dos locais. O resultado deve sair hoje.

Sobre a construção da escola emergencial, Roberto afirma que está em negociação com a Secretaria Estadual do Trabalho e do Desenvolvimento Social, responsável pelo terreno em que fica o antigo prédio do colégio, para ceder uma área que deve abrigar as salas moduladas. Também está organizando o edital com a Secretaria de Obras.

- Esperamos ter a área e o edital ainda no mês de agosto. Talvez as salas fiquem prontas para final de outubro, novembro. Para março, com certeza - explica.

Prejuízos claros à aprendizagem

Muito mais do que um local para abrigar os alunos, uma sala de aula adequada é fundamental para que os estudantes possam aprender. Segundo a doutora em Psicologia e professora da pós-graduação da Unisinos, Angela Helena Marin, o ambiente faz parte de um contexto de aprendizagem.

- No momento em que esses alunos não têm isso, efetivamente se perde a identidade de escola - afirma.

Angela lembra também que em um ambiente não adequado, as crianças podem ter outros estímulos, que prejudicam a concentração. Os alunos também sentem a tensão de professores e direção sobre a indefinição da escola, o que pode ser mais uma interferência negativa na aprendizagem.

Entenda o caso

- A escola ocupava um prédio que pertence à Secretaria Estadual do Trabalho e do Desenvolvimento Social. O local havia sido cedido ao colégio, de maneira informal (sem um documento que fizesse esse registro).

- Em 15 de maio, por problemas na rede elétrica, o prédio da escola foi interditado.

- Desde o dia 28 de maio, 180 alunos passaram a ter aulas no CTG Lanceiros da Zona Sul. As turmas dos dois turnos foram reunidas pela manhã.

- Outros 101 estudantes, da Educação Jovens e Adultos (Eja), estão em salas emprestadas em uma escola próxima.

- Em 20 de junho, o Diário Gaúcho publicou uma matéria sobre a situação.

- A Seduc informou que faria uma obra emergencial, com início previsto para a semana seguinte à reportagem.

- Foi então que a secretaria soube que a escola ocupa um espaço cedido, no qual não pode interferir. Agora, pretende construir uma escola emergencial, que deve levar três meses para ficar pronta. Ainda não há prazo para início da obra.

- A partir do dia 20, o CTG levará os móveis para o Acampamento Farroupilha, e os alunos não poderão mais ocupar o galpão.

- A segunda reportagem do Diário Gaúcho sobre a situação foi publicada em 11 de julho.

 


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