Folhas no caminho
Pintou sujeira no Parque Marinha
Uma das áreas mais bonitas e visitadas da cidade sofre com a falta de investimentos e de manutenção. Quadras estão cobertas por "tapete" verde
No Parque Marinha do Brasil, nem tudo que reluz é ouro e nem sempre o que balança cai. Os versos do famoso samba servem para ilustrar a realidade de uma das maiores - e mais visitadas - áreas de lazer da Capital.
A aparente limpeza sugerida por sua grama cortada não esconde pequenos montinhos de sujeira nos cantos. Por outro lado, para cada lixeira e equipamento esportivo danificados existem outros em bom estado. São 14 funcionários para cuidar de 74 hectares. Neste cenário, pintado com as cores da indiferença, o balanço é desanimador.
Folhas podem causar escorregões
A beleza de seus bosques e recantos convida para trilhas e passeios nesses dias de calor, mas, logo ali ao lado, onde ficam as quadras, a prática de esportes revela-se um desafio para os que gostam de se aventurar. Ontem, locais que deveriam servir para treinamento estavam praticamente abandonados. No piso de concreto das quadras, camadas de folhas formavam um tapete verde, prejudicando a gurizada que gosta de jogar basquete.
- É ruim para jogar porque a gente pode escorregar - criticou o estudante Leonardo Fernandes Souza, 18 anos.
Faltas ao trabalho prejudicam serviço
Um operário da Smam, que pediu para não se identificar, disse que o número de funcionários é pequeno. Além disso, as faltas frequentes ao trabalho prejudicam serviços de manutenção como varrição, corte de grama e limpeza dos lagos. Sobre as quadras repletas de folhas, ele disse:
- Quando dá, a gente pega o soprador (equipamento utilizado para juntar o lixo) e vai lá limpar_explicou o funcionário público.
Telas enferrujadas e com buracos e garrafas Pet jogadas embaixo de bancos foram outros problemas constatados.
Responsáveis alegam dificuldades
Embora façam milagres com os recursos humanos e financeiros que dispõem, o administrador do parque, Rodrigo Cunha, e o secretário municipal de Esporte, Recreação e Lazer, José Edgar Meurer, responsável pelas quadras, enfrentam dificuldades. Funcionário da Smam, Rodrigo conta com 14 operários, mas nem sempre todos comparecem para trabalhar. Dos cinco tratores para cortar grama, três são novos e dois velhos - um deles está parado à espera de conserto e outro com vazamento no radiador. Segundo Rodrigo, o acúmulo de sujeira nas quadras é decorrente do movimento no fim de semana.
- Nestes dias, a equipe é menor e não dá conta. Geralmente, limpamos as quadras em dias úmidos porque as pessoas não gostam que o operário use soprador, por causa da poeira - explicou Rodrigo.
José busca parceria com empresas para o plano de revitalização das quadras. Dos R$ 14 milhões do orçamento da SME, R$ 13 milhões são gastos com a folha de pagamento. Apenas R$ 1 milhão é destinado para investimento em 13 parques, oito centros esportivos, dois ginásios e seis praças.
- Buscamos parceria com empresas para o plano de revitalização das quadras - anunciou José Edgar.