Guarda-chuvas e empregos
Em dias de aguaceiro, brotam vendedores de guarda-chuvas
"É R$ 10! É R$ 10 o guarda-chuva!", gritam os ambulantes
Eles são como bolhas de sabão no ar: surgem de repente e desaparecem sem deixar rastro ou sinal. No Centro da Capital, vendedores de sombrinhas e guarda-chuvas formam um pequeno exército que se multiplica quando o tempo está chuvoso e desaparece em dias de sol a pino.
Sempre que chove é assim: mal desabam os primeiros pingos e lá estão eles parados nas esquinas, com um olho no cliente e outro na fiscalização.
Venda com 50% de lucro
Ontem, como era de se esperar, ambulantes lucraram vendendo o acessório para pessoas que saíram de casa desprevenidas. A R$ 10 a sombrinha, a R$ 10 o guarda-chuva, gritava o vendedor autônomo Marcos Paulo Silva, 24 anos, no Largo Glênio Peres. Para desespero do ambulante ilegal, que paga R$ 5 e vende a peça pelo dobro do preço, o céu não estava colaborando.
A chuva já havia estiado e os clientes preferiam se molhar a cobrir as cabeças.
São Pedro, olhai para nós
Escorado na coluna de um prédio na Esquina Democrática (Borges de Medeiros com a Rua da Praia), Diego Reis dos Santos, 27 anos, torcia para São Pedro abrir as torneiras.
- Quando cai um aguaceiro, dá para lucrar de R$ 100 a R$ 300 num dia, mas tem que ser um pancadão - brincou o camelô, com quatro sombrinhas penduradas no antebraço esquerdo.
De olho nos fiscais
Na mesma Rua da Praia, uma fileira de sombrinhas abertas e coloridas chamava a atenção. Um vendedor de 41 anos, que pediu para não se identificar, explicou como vendera 15 guarda-chuvas e seis sombrinhas nas primeiras horas da manhã.
- Ouvi a previsão do tempo ontem à noite na televisão e me preparei - revelou o homem, que foge dos fiscais como o diabo da cruz.
Em três anos, 4,7 mil peças recolhidas
Embora esse tipo de comércio seja irregular, guarda-chuvas e sombrinhas apreendidos de ambulantes podem ser recuperados mediante apresentação de nota fiscal e pagamento de R$ 138,89 de multa. Em caso de reincidência, o valor dobra sucessivamente. Segundo a chefe da fiscalização de atividades ambulantes da Smic Luciane Mendes Mattei, raros são os que aparecem para buscar as mercadorias de volta. Quatro equipes com oito agentes cada atuam para coibir esse tipo de atividade no Centro.
- Normalmente, os vendedores são aquelas pessoas que entregam panfletos, divulgam a compra e venda de ouro e serviços de fotografia. Eles compram as peças no atacado e saem para revender - explica Luciane.