Botijão em falta
Revendas temem escassez de gás
Dificuldade seria por conta da distribuição de gasolina, que foi afetada devido ao mau tempo
Além do risco de desabastecimento de gasolina, o Rio Grande do Sul pode sofrer também com a escassez do gás de cozinha. Ontem, revendedoras de GLP contatadas pelo Diário Gaúcho demonstravam preocupação com o fornecimento do produto, pois estariam recebendo quantidades menores que as solicitadas.
- A sorte é que não é início de mês, senão estaríamos sem gás. Eu tinha mais de 70 botijões vazios e só me deixaram 25 de reposição. Dizem que não tem gás na distribuidora - relata o proprietário da Confiança Gás, Fabiano Ramos Raldi, na Zona Norte.
No Bairro Bom Jesus, o gerente da Master Gás, Tiago Rafael Pinto, também fez uma afirmação semelhante, apesar de receber o produto de outra distribuidora.
- O estoque está sendo dividido pela distribuidora, pois "não tem gás pra todo mundo". As revendedoras que recebem em um dia, não recebem em outro - explica.
Versões diferentes
Entre os sindicatos, as informações são divergentes. O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), afirma que não há problema de fornecimento do produto. O mesmo dado é confirmado pelo Sindicato das Empresas Distribuidoras, Comercializadoras e Revendedoras de Gases em Geral no Estado do RS (Singasul).
- Eu desconheço essa informação, não entendo por que haveria problemas no abastecimento - afirma o presidente Ronaldo Tonet.
Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo no RS (Sitramico), Angelo Martins, tem uma versão diferente.
Segundo ele, cerca de 40% do gás distribuído no Estado é fornecido pela Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, que enfrenta dificuldades nesse processo.
Petróleo não é descarregado
- É um problema de refino, porque o petróleo não está sendo descarregado no terminal de Tramandaí e não dá para bombear para a refinaria - explica.
Em função disso, diz Angelo, as distribuidoras estariam controlando os estoques, até que a situação seja resolvida. Contatadas pela reportagem, porém, todas afirmam que não enfrentam problemas no abastecimento.
Qual seria a causa do problema?
O abastecimento de gás estaria prejudicado pelo mesmo problema que afeta a distribuição de gasolina: dificuldade de os navios que trazem o produto ao Estado se conectarem à monoboia (estrutura flutuante ancorada em mar aberto, que permite a amarração de navios para descarga por meio de tubulação submarina) da Petrobras em Tramandaí, no Litoral Norte, por causa do mau tempo.
De Tramandaí, o produto é transportado, por dutos, para a Refap, em Canoas, que refina o petróleo e distribui os derivados, como o gás.