Desapropriações no Humaitá
Aumenta valor de imóveis no entorno da Arena
Remoção de 16 casas para conclusão da obra de duplicação da Voluntários da Pátria e da Padre Leopoldo Brentano depende de acordo com moradores

Um dos melhores e mais modernos estádios do Brasil será inaugurado em dezembro com obras em andamento no lado de fora. Em fase final, a Arena do Grêmio, no Bairro Humaitá, avança num ritmo oposto às obras de infraestrutura para o acesso à nova casa do Tricolor. A principal delas poderá atrasar por falta de acordo sobre o valor da indenização a proprietários de 16 casas, que precisam ser demolidas para a conclusão do traçado da duplicação da Voluntários da Pátria e da Padre Leopoldo Brentano, implantação de ciclovia e reposicionamento da rede de energia elétrica.
Entusiasmados com a valorização imobiliária da região, donos de residências próximas à esquina das duas vias exigem valores superiores aos que a prefeitura anuncia. A administração pretende oferecer valores que variam de R$ 52.340 (bônus moradia) a até R$ 119 mil. Moradores exigem, no mínimo, R$ 150 mil.
"Em cima da uma mina de ouro"
O vigilante Gladimir Santos, 44 anos, mora numa casa de alvenaria de dois pisos com 90 metros quadrados. Só deixará o local se receber uma indenização que dê para comprar um imóvel no Humaitá.
Em junho, o Diário Gaúcho mostrou os reflexos da supervalorização no bairro. Uma casa que custava R$ 85 mil há três anos, na época já não saía por menos de R$ 400 mil.
- Estamos em cima de uma mina de ouro. Se não fizerem uma proposta boa, vão ter de passar por cima da minha casa comigo dentro - disse o vigilante.
Mediação do MP
Decididos a não se desfazer dos imóveis por valores que consideram inferiores às suas pretensões, representantes dos moradores procuraram o Ministério Público para mediar um acordo entre as partes. O grupo também solicitou ajuda da Secretaria de Habitação e Saneamento do Estado, pasta responsável pela área da extinta Cohab, repassada à prefeitura.
Mário Oliveira Amaral, 53 anos, e a esposa Neiva Moraes Amaral, 49 anos, afirmam que têm garantia do Estado para permanecerem na área. O promotor de Justiça Luciano Brasil solicitou informações à Secretaria para confirmar a informação, mas ainda não obteve retorno.
Moradores irredutíveis
- Com R$ 52 mil não se compra nem um terreno aqui - justifica Neiva.
A vizinha Eleci Maria de Oliveira, 53 anos, diz que não arredará os pés dali.
- Não vou sair sem pagarem o que quero - garantiu.
Área é pública, diz prefeitura
Segundo a prefeitura, as casas estão numa área pública, que pertencia ao Estado e foi repassada ao município. Responsável pela coordenação de recursos e financiamentos da Secretaria de Gestão e Acompanhamento Estratégico, Geraldo Luís Felipe, acredita que a negociação será bem sucedida:
- O corpo técnico da Secretaria está fazendo a avaliação das benfeitorias feitas em cima do terreno, que é público, para indenizar as famílias de forma adequada.