Afogamentos
Cuidado! O perigo ronda as águas
Com a chegada do calor, crianças e adultos buscam se refrescar em rios, açudes e lagoas. Porém, a imprudência pode custar a vida do banhista
Com temperaturas em torno dos 30ºC em Porto Alegre, não há quem resista a um mergulho nos 4km de extensão do Guaíba. A aventura, porém, pode custar caro. Além de poluídas, as águas são muito perigosas.
No começo deste ano, durante o verão, houve quatro mortes na orla do Guaíba, principalmente no trecho entre o Gasômetro e a Fundação Iberê Camargo, de acordo com o Grupo de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros (GBS-RS). E, agora, o calor já está chegando outra vez.
O comandante do GBS, major Jarbas de Ávila, alerta para o perigo de afogamentos.
- As partes aterradas são as mais perigosas. Mergulhar próximo ao Gasômetro, no Arroio Dilúvio e na Prainha do Harmonia é saber que a vida está em risco - afirma o major.
Placas são ignoradas
Mais de 30 placas estão instaladas entre o Gasômetro e o Bairro Guarujá, muitas até dentro d'água. Mas as advertências são ignoradas e os locais mais perigosos, onde não existem guaritas de salva-vidas, são os mais frequentados, por crianças e banhistas imprudentes.
- A imprudência ocorre quando as pessoas, principalmente os homens, perdem os critérios de responsabilidade. Dizem que sabem nadar, mas não sabem. Se ao menos soubessem flutuar na água, já facilitaria o socorro - comenta Ávila.
Além do Guaíba, o perigo também ronda quem se arrisca sem precauções em rios, açudes e lagoas.
Veja a simulação de salvamento do GBS e aprenda a boiar para evitar afogamentos:
Dicas para nadar e boiar
Conselhos do professor de natação Eli Thomé
- Antes de mergulhar, encha os pulmões de ar para que o seu volume fique maior.
- O afogamento é muito desesperador. Porém, é importante não perder a cabeça quando sentir que não dá mais pé.
- Mantenha a calma, não se agite nem se debata. Assim, evitará ser puxado para baixo.
- A partir das técnicas para boiar, dê pequenas remadinhas com os braços.
- Em caso de cãibra: estique a perna e deixe o pé reto. Após esticar a perna, tente boiar.
- Buracos: ao sentir a queda, prenda a respiração de imediato e boie.
- Empuxo: essa força empurra a pessoa para cima, facilitando a flutuação.
- Se cansar, deite-se de costas na água, boiando.
- Respire sempre pela boca e solte pelo nariz.
- Se engolir água, tussa com força para expelir.
- Se nadar com um amigo, jamais se agarre a ele para não se afogar.
Se alguém estiver se afogando...
- Acione o Corpo de Bombeiros, ligando para 193.
- Nunca tente salvar alguém se houver risco à sua segurança.
- Se dominar a natação, entregue algo que flutue (boias, garrafas plásticas de 20l, câmara de pneu etc) para a pessoa que está se afogando.
- Se não souber nadar, não entre na água! Tente jogar uma corda ou uma boia para perto da vítima.
Maioria das vítimas é jovem
Segundo o GBS, 86% dos casos de mortes por afogamento ocorrem com homens, brancos e adultos.
- Na Capital, é difícil especificar a idade, porque houve diminuição de mortes nos últimos dois anos, mas as vítimas costumam ser jovens: variam entre 15 a 25 anos - aponta o major Ávila.
As estatísticas indicam que a retirada dos moradores da Vila Chocolatão, próximo à Prainha do Harmonia, em 2009, pode ter tido influência na queda de mortes. Os números revelam uma diminuição expressiva a partir da remoção da vila.Confira o quadro:
Açudes e arroios
De acordo com major Ávila, em arroios e açudes, a correnteza e a profundidade representam os maiores riscos.
Ele aconselha que, em um açude, se entre devagar, sentindo o chão com os pés. O professor de natação Eli Thomé é mais enfático: se não der pé, nem entre.
Não sabe nadar? Não se arrisque
Ensinar a ser amigo da água é a profissão de Eli Thomé, professor de natação do Centro de Comunidade da Vila Floresta (Cecoflor). Ele diz que os erros mais cometidos por quem se afoga são desconhecer o lugar onde mergulha e não saber nadar. Pensando nisso, ele ensina a seus alunos, de idades entre dez e 15 anos, a técnica de flutuação, que previne afogamentos. Mesmo com os ensinamentos, adverte:
- Não aconselho ninguém a se banhar nas águas do Guaíba. Além de muito sujo, é todo desnivelado, cheio de pedras e perigoso.
Sabendo que muitos jovens se arriscam, o professor alerta para manter a calma em caso de afogamento.
- Quando as pessoas se debatem, recebem a mesma violência que deram à água. Por isso, é melhor flutuar e tentar chegar à margem ou se agarrar em algo que o eleve à superfície - ensina Eli.
Meninas não se arriscam
As estudantes Luiza Cavalcante Cabeleira, dez anos, e Desirrê Balbão Teixeira, 11 anos, não se arriscam nas profundas águas do Guaíba, mas querem aprender como sair de situações de risco nos mergulhos, seja em praias, sangas, açudes ou piscinas.
O professor ensina que a cabeça é o leme do corpo. Se mergulhar, deixe-a sempre entre os braços.
- Depois de entrar na água, imediatamente levante a cabeça. Se projete para voltar à superfície, erguendo os braços.
Para aprender
Centros comunitários vinculados à prefeitura de Porto Alegre oferecem aulas de natação gratuitas nos meses de janeiro e fevereiro:
- Centro de Comunidade da Vila Floresta (Cecoflor)
Rua Irene Cappone Santiago, 290, Bairro Jardim Floresta
Fone: 3341-4607
- Centro Esportivo 1º de Maio (Ceprima)
Rua São Nicolau, esquina com Rua Camoati, Bairro Santa Maria Goretti
Fone: 3362-6148
- Centro de Comunidade Vila Elizabeth (Cecove)
Rua Paulo Gomes de Oliveira, 200, Bairro Sarandi
Fone: 3364-2113
- Centro de Comunidade Vila ingá (Cevi)
Rua Dezidério Severino, 227, Bairro Passo das Pedras
Fone: 3348-2079
- Cecopam - Centro de Comunidade Parque Madepinho
Rua Arroio Grande, 50, Bairro Cavalhada
Fone: 3241-0666
- Centro de Comunidade da Vila Restinga (Cecores)
Avenida Economista Nilo Wulff, 681, Restinga
Fones: 3250-1534 / 3250-1115