Pequenos leitores
Visite o mundo mágico da Feira do Livro
Evento é uma grande oportunidade para os pais estimularem nos filhos o gosto pela leitura. Confira dicas de uma especialista

Ao pisar na Área Infanto-Juvenil da 58ª Feira do Livro de Porto Alegre, no Cais do Porto, a criançada carimba o passaporte para viajar para um mundo mágico, brincar com as palavras e se divertir com histórias emocionantes. E os pais podem dar uma forcinha, estimulando o hábito da leitura desde pequenos.
O Diário Gaúcho circulou pela Feira com a professora Elenir Teresinha Garcia da Silva, da assessoria pedagógica do ensino fundamental da Smed. Ela sugere alguns caminhos para essa viagem:
- É importante que os pais tragam a cultura escrita para os filhos. O livro traz fantasia, curiosidade. Quanto mais cedo inicia (o contato com os livros), mais cedo se alfabetizam.
De acordo com a professora, livros de poesia com rimas são um bom começo para quem ainda não aprendeu a ler. A criança vai identificando os sons das sílabas, percebendo a relação entre a fala e a escrita e se divertindo a partir da leitura dos pais ou dos professores. Um bom exemplo é a Coleção Sentidos, de Caio Ritter. O Tato do Gato, O Paladar do Urso Polar, entre outros, estimulam a imaginação e a adivinhação. Cada um custa R$ 15,90.
Deixe a criança escolher
Outra dica importante é observar as ilustrações que devem ser coloridas, ajudar a contar a história.
- A criança que não sabe ler, lê primeiro a imagem - comenta.
A professora ressalta a importância de deixar a criança escolher os livros que mais interessam. E aí o mercado não poupa esforços em oferecer uma infinidade de opções. Um exemplo são os pop-up (dobraduras que saltam das páginas do livro), ou os livros de tecido e de plástico.
Sugestões da professora
O Menino que Aprendeu a Ver, de Ruth Rocha: relação da criança com a escrita, mas que ela não tem consciência.
Você Troca?, de Eva Furnari: trabalha com as rimas de forma engraçada. Outro livro da autora é As Travadinhas, com trava-línguas que colocam a criança em contato com os sons das sílabas.
A Caligrafia de Dona Sofia (uma professora que tinha uma casa diferente de todas as outras, as paredes eram decoradas de cima a baixo com poesias), e Lino (um porquinho que faz amizade com uma coelha branca), de André Neves.
A Casa Sonolenta, de Audrey Wood (uma casa na qual todos viviam dormindo): trabalha a repetição e brinca com as palavras.
Livros de Ana Maria Machado também são uma boa sugestão.
Dicas
A leitura dos clássicos (Chapeuzinho Vermelho, por exemplo) é importantíssima. Mas é preciso atenção para que a criança tenha contato primeiro com as histórias originais para depois conhecer as adaptações (como Chapeuzinho Amarelo).
O livro tem de ficar próximo da criança e não apenas na estante. É preciso que ela o manuseie, brinque com ele.
A criança pode ter despertado o gosto pela leitura a partir do exemplo dos pais. Um pai que lê o jornal, por exemplo, mostra para o filho que naquela leitura há algo que o instiga. Muitas vezes, a criança pega um livro e imita o pai lendo, o que já é uma atitude de leitora.
Os pais podem comprar livros para os filhos, mas é importante deixá-los escolher.
Evite livros que "educam", como os que ensinam a escovar os dentes, ou a se comportar. A criança pode achar que a leitura é uma coisa chata. A leitura existe para dar prazer.
Para dar asas à imaginação
Para quem está aprendendo a ler, o melhor são livros menores, com textos curtos e ilustrações, porque a imagem ajuda a compreender a história. Quando a leitura está mais afiada, aí a escolha dos livros fica por conta da própria criança, com temas de acordo com o gosto dela. Elenir lembra que é papel da escola introduzir outras obras literárias.
E como o livro pode concorrer com a internet e a tevê?
- A tevê traz a imagem pronta, a criança só recebe. Já o livro favorece a imaginação. A criança deita com o livro, senta, leva para qualquer lugar - conclui.
Hora de dormir... mas, antes, uma história
É fingindo ler histórias para as bonecas que a pequena Clarissa, de três anos e sete meses, já dá sinais de seu encantamento pelos livros. Ela não dorme sem que a mãe, a secretária executiva Aline Gerhardt Wiebbelling, 33 anos, ou o pai, o consultor em informática Fábio Wiebbelling, 39 anos, contem uma história.
A família saiu de Lajeado, ontem, para passear na Feira. Os olhinhos de Clarissa passavam por tudo.
- Ela adora contos de fadas. Gosta da história dos Três Porquinhos também - disse Aline.
E, se os pais, ao ler um desses contos, passam batido por uma página, a pequena os corrige.