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Discussão na Zona Sul

Será o fim da feira da Otto?

Mercadão do Produtor se realiza há 30 anos, aos domingos, na Avenida Otto Niemeyer, mas terá de deixar o local por decisão judicial. Comerciantes reclamam

10/12/2012 - 07h16min

Atualizada em: 10/12/2012 - 07h16min


Funcionamento aos domingos virou polêmica

Todos os domingos, há três décadas, Carlos Augusto Schaidhuer, 47 anos, reúne a mulher e os filhos para garantir o sustento da casa, como um dos 35 feirantes do Mercadão do Produtor, na Avenida Otto Niemeyer, entre as ruas Gaurama e Panambi. Das 7h ao meio-dia, ele vende as verduras produzidas pela família.

- O pessoal já nos conhece, temos amizade. A feira vive disso - define.

Mas isso pode mudar. A Justiça proferiu sentença favorável à ação movida por sete moradores da Otto, que reclamam da dificuldade de sair de carro durante a feira. O transtorno ocorre mesmo com as entradas das garagens liberadas e com a presença de um segurança para orientar o trânsito pela rua.

Novo local não tem condições

- Está totalmente indefinido, a gente já não sabe o que fazer. E a gente depende disso aqui - relata o vice-presidente da Associação de Usuários dos Mercadões (Assumec) Daniel Pozza Anzolin, 35 anos.

A Justiça determinou que os feirantes se mudem para uma região próxima, na Rua Arroio Grande, entre a Otto e a Praça Frederico Westphalen. Mas comerciantes e fregueses reclamam do local.

- Lá não tem condições. Quando chove, a gente fica com água pelas canelas, não tem acessibilidade. E falta espaço - diz Daniel.

Procuradoria pediu mais prazo

Essa é também a argumentação da Procuradoria-Geral do Município de Porto Alegre, que pediu ao Judiciário prazo até o final do ano para encontrar outro local para a feira. A resposta ainda não foi dada.

- Esse é um trecho muito pequeno, não cabem os feirantes. Além disso, há um problema de trafegabilidade - diz a procuradora geral-adjunta de Domínio Público, Urbanismo e Meio Ambiente, Simone Somensi.

Transtorno para sair de casa

Um dos sete moradores que ingressaram com a ação judicial, o autônomo Antônio Fernando de Oliveira Martins, 58 anos, explica que a presença da feira provoca transtornos se ele precisa sair de casa no domingo de manhã.

Apesar de reconhecer que há seguranças para orientar o trajeto de veículos quando alguém precisa sair das residências, Antônio reclama que nem sempre o espaço é suficiente. Ele mora no local há oito anos.

- Eu evito sair de casa no domingo. Um dia, tive de sair e arranhou o carro. É um transtorno - relata.

Moradores são contra mudança

Quando a reportagem do DG chegou à feira, moradores vieram se manifestar contra a mudança, como a dona de casa Cláudia Cristina Vieira Alves, 41 anos:

- Eu me criei aqui, nasci aqui e sempre teve essa feira. Saio com meu carro a qualquer hora, não tem problema.

A vizinha, a autônoma Valderez Garcia, 57 anos faz coro:

- Domingo sem feira não é domingo.

A secretária Ana Márcia Corrêa, 44 anos, destaca:

- Ela faz parte das nossas vidas.

Elas ressaltam que o novo local não tem condições de abrigar tanto movimento.

O comerciante Clóvis Fraga Soares, 57 anos, conta que recolheu assinaturas de 54 moradores favoráveis à permanência da feira no local.

- Aqui todo mundo é amigo. Eu moro no meio da feira e a hora que eu quiser sair, eu saio de casa tranquilo - afirma.


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