Sujeira
Depois da chuva, o lixo é quem perturba os moradores da Capital
Como sempre acontece depois de uma chuvarada, comunidade de vários bairros passaram a terça-feira tirando água e barros das suas casas

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DIA A DIA
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DIA DE RESCALDO
Um dia para remover o lodo, contabilizar prejuízos e protestar por providências para que alagamentos deixem de amedrontar famílias que vivem próximo a arroios e sangas, sempre que chove forte na Capital. Entre as 18h de segunda-feira e as 6h de ontem, choveu cerca de 65mm, o equivalente a 65% da média de janeiro em Porto Alegre. Foi o maior volume de chuva generalizada por toda a cidade no mês de janeiro dos últimos dez anos.
Sanga passa no fundo das casas
Ontem pela manhã, moradores da Rua Joaquim Porto Villanova, no Bairro Bom Jesus, usaram parte da montanha de lixo trazida pela enxurrada para bloquear a via, em protesto. Ironicamente, a sanga cheia de lixo, que passa nos fundos das casas, chama-se Riacho Doce.
- A gente não aguenta mais isso aqui. A rua parecia um rio (na noite de segunda-feira). Não dormimos tirando o barro preto de dentro de casa - contou a servente de obras Cristiane Ramos da Rosa, 26 anos.
A doméstica Solange Maria Ramos da Rosa, 58 anos, temia pela segurança da filha grávida de sete meses. A força da água arrastou a tampa de concreto de uma galeria.
Adalberto Santos, responsável pelo Centro Administrativo Regional (Car) Leste, informou que ainda ontem seria feita a limpeza da sanga.
Ocorrências por toda a parte
A Defesa Civil atendeu a ocorrências em toda a cidade. Na Vila Farrapos, 40 casas ficaram alagadas. Ontem, na Rua 6 da Vila Liberdade, no Bairro Humaitá, moradores trabalharam na limpeza das áreas embarradas e tomadas pela água da chuva.
Moradores do Sarandi fazem protesto
Houve protesto também na Zona Norte. Moradores queimaram pneus na esquina da Rua Zeferino Dias com a Avenida Sarandi. O motivo foi o transbordamento do Arroio Sarandi.
- Eu não tenho mais nem o que chorar.
A frase de Maristela Oliveira Vieira, 27 anos, dona de uma oficina mecânica na Avenida Sarandi, na Zona Norte, resume o sentimento que ficou depois da inundação. A água suja tomou conta do estabelecimento comercial, danificou carros de clientes e também a moradia da família de Maristela.
- No dia 19 de setembro (de 2012), passamos por isso e agora aconteceu de novo. Quatro carros de clientes, deu para salvar. A água subiu em dez minutos - lamentou a comerciante, que estima um prejuízo em torno de R$ 15 mil.
Mais adiante na Avenida Sarandi, num residencial geriátrico, a preocupação foi a retirada dos idosos dos quartos onde a água entrou. Ontem, funcionários providenciavam a limpeza.
Três postos fechados
A Unidade Básica de Saúde (UBS) Sarandi e as Unidades de Saúde da Família (USF) Mato Sampaio e Laranjeiras ficaram fechadas ontem, em razão dos alagamentos. Na UBS Sarandi, o atendimento foi suspenso na Farmácia Distrital. Equipes trabalharam na limpeza mas ainda não havia a confirmação da reabertura dos postos hoje.
Enquanto os reparos estiverem sendo realizados, os usuários da UBS Sarandi deverão procurar as UBS Assis Brasil (Avenida Assis Brasil, 6615) e Nova Brasília (Rua Vieira da Silva, 1016) para retirar medicamentos prescritos em receita médica e obter atendimentos como vacinação e procedimentos de enfermagem.
Quem utiliza a USF Mato Sampaio deverá se dirigir à UBS Bom Jesus (Rua Bom Jesus, 410). E os usuários da USF Laranjeiras devem buscar a USF Tijuca (Rua Reverendo Daniel Betts, 320).
As consultas médicas serão retomadas após a solução dos problemas causados pela chuva. Para casos de urgência e emergência, devem ser procuradas as Unidades de Pronto Atendimento - como a Bom Jesus (Rua Bom Jesus, 410) e a Upa Zona Norte (Rua Jerônimo Velmonovitz, esquina com avenida Assis Brasil, em frente ao Terminal Triângulo).
Muro de contenção continua na promessa
Fausto Vasques, diretor da divisão de conservação do Dep, informou que o alagamento no Bairro Sarandi só não foi maior porque foi feita, em outubro e novembro do ano passado, a dragagem de um trecho do arroio. O maquinário, que é usado permanentemente no Arroio Dilúvio teve de ser levado de volta e, por isso, o serviço na Zona Norte foi interrompido.
Fausto afirma que a desobstrução da parte próxima da esquina onde houve o protesto deve começar hoje.
O Diário Gaúcho acompanha desde 2011 as dificuldades dos moradores da Vila Minuano, que cobram a execução de um muro de contenção no Arroio Sarandi, que deveria ter sido concluída em 2010.
O Demhab informa que está em fase de projeto a implantação de um dique pelo Dep.