Bicharada
São 7 mil animais na fila do "Sus"
Famílias com baixa renda podem esperar mais de um ano para ter os bichos castrados na Seda. Serviço tem, entre as consequências, redução de animais de rua
Tem paciente de quatro patas formando uma fila do "Sus". Com a finalidade de fazer o controle reprodutivo de animais, a cachorrada que vive em residências de famílias com renda de até três salários mínimos (R$ 2.034) espera pelo serviço gratuito de castração oferecido pela Secretaria Especial dos Direitos Animais (Seda). Atualmente, 7 mil animais (cães e gatos) aguardam a esterilização, que visa reduzir o abandono, o qual termina lotando as ruas.
A veterinária Adriana Helena Lopes explica que, no momento, estão sendo castrados animais cuja esterilização foi solicitada em dezembro de 2011. Ou seja: uma espera de 14 meses. A fila é por ordem de chegada, mas o atendimento aos doentes é priorizado.
Castração e microchipagem
Neste setor da Seda, na Lomba do Pinheiro, atuam seis veterinários. Além das castrações, atendem cães e gatos vítimas de atropelamentos ou maus-tratos, além dos abandonados e que estejam doentes. São feitas cirurgias de amputações, retirada de tumores e quimioterapia, entre outros.
Se um animal de rua é atropelado, por exemplo, na cirurgia é feita a castração e a microchipagem (aparelho colocado sob a pele, que contém informações sobre vacinação, nome do dono e data do atendimento).
A equipe fica completa com mais 17 pessoas que trabalham no manejo dos animais (o que inclui também a limpeza) e 12 pessoas que atuam na fiscalização.
Feira de filhotes abandonados
Além dos animais em tratamento (há em torno de 140 distribuídos em canis), na área de medicina veterinária há, também, um espaço para filhotes abandonados (haverá uma feira de filhotes no sábado, no Gasômetro, das 11h às 16h). Recentemente, chegaram 30 filhotes, todos vítimas de abandono.
Na fêmea, é mais complexo
A veterinária explica que, no tempo em que é feita esterilização de uma fêmea, é possível castrar de três a quatro machos. A castração do macho é mais rápida porque não há necessidade de abertura da barriga.
Na fêmea, é aberta a cavidade abdominal e útero e ovários são retirados. No macho, o procedimento é mais simples. Os testículos são retirados do saco escrotal.
Os animais só podem ser castrados a partir do quinto mês de vida. Não há limite de idade mas há, no entanto, limitações de saúde.
Saiba mais
A secretaria estima que haja 400 mil cães sem dono na Capital.
Pelo 156, são recebidos 80 protocolos por hora destinados à Seda. Entre os pedidos estão os de fiscalização, comunicação de atropelamento e solicitação de castração, entre outros.
São feitas cerca de 140 esterilizações por semana. Neste ritmo, são 7.280 cirurgias por ano.
São gastos, por mês, 90 sacos de 25kg de ração na área de medicina veterinária da Seda para alimentar animais em tratamento.
Todas as quartas-feiras, o trabalho na área de medicina veterinária da Seda é voltado para protetores de animais cadastrados. Cada um (há 80 cadastrados) pode levar até dez animais por semana.
Em clínicas, o valor da castração varia de acordo com o bairro. Em média, a esterilização de um macho grande varia entre R$ 80 e R$ 150. Já o atendimento de uma fêmea chega a R$ 300. Existem, também, clínicas de baixo custo.
Entre os dias 11 e 17 deste mês, pela Seda, foram 105 esterilizações, 78 atendimentos e 13 cirurgias (duas amputações de membro, três para retirada de tumor e cinco de hérnia).
Como proceder
A pessoa com renda familiar de até três salários liga para o 156 ou encaminha o pedido de castração pelo site www.falaportoalegre.com.br/solicitacao . Todas as demandas relacionadas à Seda são feitas por meio do 156.
Por telefone, o dono do cão recebe orientações de como manter o controle de verminoses e alimentar o animal adequadamente para que tenha boas condições de saúde para submeter-se à cirurgia.
A data da castração é marcada. O dono leva o animal e apresenta documentos: RG, comprovante de residência (deve morar em Porto Alegre) e comprovante de renda.
A cirurgia é feita de manhã e, geralmente, o animal é liberado à tarde. Dez dias depois, deve voltar para a retirada dos pontos.
Após a cirurgia, o animal leva uma vida normal. Não há alterações em relação ao peso ou ao comportamento.
Projeto Amigo Bicho
Um dos projetos que a secretaria desenvolve, o Amigo Bicho conta com dois ônibus e prevê ações de controle reprodutivo de animais e educação para guarda responsável.
Coordenada por uma equipe multidisciplinar, em parceria com a Faculdade de Veterinária da Ufrgs, a unidade móvel 1 é adaptada com bloco cirúrgico e funciona como clínica itinerante para esterilizações.
A unidade móvel 2 transporta cães e gatos de famílias em situação de vulnerabilidade social. O veículo tem capacidade para 50 animais. A comunidade pode manifestar o interesse buscando contato no posto de saúde mais próximo.