É hora de mobilização total contra a dengue. Porto Alegre já tem 24 casos confirmados: 14 importados (contraídos em outros Estados) e dez autóctones (pessoas infectadas na cidade).

Para combater a doença, existe apenas um remédio: prevenção. E ela tem de ser contínua. Afinal, a larva do mosquito se prolifera em locais onde há água limpa parada. E a vigilância precisa ser permanente, já que o ciclo total de desenvolvimento do mosquito leva apenas de sete a dez dias. Ou seja: você pode limpar o local e, se descuidar, em pouco tempo ele poderá ser criadouro (local onde a larva do mosquito se desenvolve) de novo.

- Em Porto Alegre, 70% dos criadouros são domiciliares - alerta o coordenador em exercício da Vigilância em Saúde da Capital, Anderson Lima.

Um esforço de todos os cidadãos

Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, nos dois primeiros meses deste ano, 107 mil visitas domiciliares foram feitas, e 97 mil criadouros foram eliminados.

Quando há a confirmação de algum caso, é realizado o bloqueio de transmissão, com aplicação de inseticida para a forma adulta do mosquito em toda a região onde o paciente mora e trabalha. Mas Anderson é taxativo:

- Não adianta aplicar inseticida se não forem eliminados os criadouros.

O esforço precisa ser de todos para evitar que a doença ganhe proporções ainda maiores. Mais do que nunca, é fundamental que você faça a sua parte.

Dúvidas comuns

Quem já foi infectado uma vez pelo mosquito da dengue não está imune. A doença é provocada por um vírus que possui quatro sorotipos. Quando uma pessoa é infectada por um desses vírus ela só fica imunizada contra o tipo específico.

O vírus fica incubado no corpo de três a 15 dias. Em média, os sintomas surgem a partir do sétimo dia.

Ao primeiro sinal da doença, é recomendável ir ao serviço de saúde. As pessoas não devem se medicar por conta própria, especialmente com remédios a base de ácido acetilsalicílico, como Aspirina, AAS e Melhoral. Todos casos suspeitos devem ser notificados para a vigilância em saúde do município.

Na dengue clássica, os sintomas são febre alta com duração de até sete dias, dor de cabeça, no corpo, nas articulações, por trás dos olhos e manchas vermelhas pelo corpo.

A dengue hemorrágica é a forma mais grave, na qual o paciente apresenta sangramentos e pode morrer. Nos primeiros cinco dias, os sintomas são semelhantes aos do tipo clássico. A partir do quinto dia, alguns podem apresentar hemorragias. Pode ocorrer, ainda, vômitos, tontura, falta de ar, dores abdominais e hipotensão (queda de pressão arterial).

O vírus somente é transmitido pela picada de fêmeas de Aedes aegypti. A transmissão da dengue não ocorre de pessoa para pessoa.

Três perguntas e respostas

A dengue pode levar à morte?

Sim, a dengue é uma virose que pode levar à morte. Qualquer um dos quatro subtipos da doença pode provocar óbito - a dengue hemorrágica é a mais grave. É justamente por esse motivo que, em caso de suspeita de dengue, não é recomendando o uso de medicamentos que contenham ácido acetilsalicílico (Aspirina, AAS, Melhoral etc.), porque podem levar ao desenvolvimento de dengue hemorrágica.

Por que Porto Alegre voltou a sofrer com os casos contraídos aqui?

O mosquito se acostumou com o clima de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul em geral. Uma das hipóteses para o aumento de casos esse ano se deve ao inverno mais curto no ano passado, com poucos dias de frio. A chegada antecipada do calor, intercalada com períodos de chuva, favorece a proliferação do mosquito.

No entanto, a larva só se desenvolve porque encontra lugares com água parada para se multiplicar. Portanto, a falha na prevenção também colaborou para que os casos fossem contraídos aqui.

Como posso fazer para reduzir os riscos na minha casa?

Caixa d'água: manter bem tampada.
Lixo: deixar ensacado para a coleta.
Garrafas: esvaziar e guardar com gargalo para baixo.
Piscina: manter a água tratada.
Ralos: proteger com tela milimétrica.
Pratos com plantas e cacos de vidro nos muros: encher de areia.
Pneus: guardar secos e em local coberto.
Calhas: manter limpas e desobstruídas.
Vasos: escorrer a água e preencher com areia.