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Expectativa

Uma alegria nota 10 na volta às aulas

Situações opostas foram vistas no retorno das atividades da rede pública

28/02/2013 - 07h34min

Atualizada em: 28/02/2013 - 07h34min


Os primos Gabriel Alexandre Soares, 8 anos, e Luan Barbosa de Brito (D) a caminho da escola

O primeiro dia de aulas nas escolas públicas de Porto Alegre e do Estado foi dividido em situações opostas: a alegria das crianças em rever amigos contrasta com problemas de estrutura que impediram alguns alunos de reiniciar as atividades.

Primeiro, o lado bom: ontem, o Diário acompanhou o pequeno Gabriel Soares, desde sua casa até o colégio.

O relógio nem marcava 7h e Gabriel Alexandre Soares, oito anos, já estava vestido, com a mochila nas costas e ao lado do portão de casa, no Bairro São José, Zona Leste da Capital. O primeiro dia de aula ontem começaria 45 minutos depois, e o guri já não segurava a ansiedade, queria ir logo para a Escola Municipal Professora Judith Macedo de Araújo.

- Ele acordou antes de mim. Mas ainda é cedo, tem que esperar mais um pouco - disse a mãe, a costureira Luisa de Fátima Soares, 42 anos.

Mas o portão estava fechado e ninguém localizava a chave, o que fez o aluno do quarto ano do ensino fundamental ficar nervoso.

- Não falto essa aula por nada! - garantiu Gabriel.

Antes das 20h, já estava na cama

Na véspera, a mãe cortou o cabelo do guri e costurou uma camisa nova para a volta às aulas. Para não correr o risco de perder o horário no primeiro dia, na terça-feira Gabriel foi para a cama às 20h.

- Ele decidiu que queria ir de camisa e calça, aí pegou uma calça do primo (Luan Barbosa de Brito, 12 anos, que estuda na mesma escola) e a camisa eu fiz ontem (terça-feira) de noite - contou Luisa.

Enquanto esperava os ponteiros do relógio correrem até a hora da saída, Gabriel revisou a mochila várias vezes, contou os lápis de cor, mexeu na camisa e passou creme no rosto.

Na ida para a escola, apressado, Gabriel contou com a companhia do primo Luan, que estuda no turno da tarde, mas tinha outra atividade pela manhã, e também da prima Francine Barbosa Machado, sete anos.

- Ainda não achei meus amigos - lamentou Gabriel, já no pátio da escola.

Reencontro com o amigo

Antes de ouvir seu nome no microfone, na chamada que indicava a turma de cada estudante, Gabriel abraçou uma profe e, depois, encontrou o amigo João Marcos Ribeiro Antônio, oito anos. Já foi mostrando o material novo.

- O João passou as férias inteiras perguntando se ia estudar com o Gabriel. Que bom que eles vão ficar juntos de novo - comentou a dona de casa Patrícia Ribeiro, 27 anos, mãe de João.

Logo a professora Eronita Machado chamou os alunos da turma A31. Sentados lado a lado, ainda com as mães, Gabriel e João trocaram figurinhas e conversaram sobre a aula:

- Quero escrever logo na primeira folha!

Um reinício nota zero!

Risco de choque impede reinício

Um problema grave e inusitado impediu o reinício das aulas na Escola Estadual de Ensino Fundamental Otávio Mangabeira, na Zona Sul de Porto Alegre. Segundo a diretora, Simone Wanisa Menitz Biscaino, as aulas não foram retomadas ainda para proteger os alunos, que correm risco de choque elétrico.

- A situação é grave. Um furto ocorrido em janeiro deixou o prédio de madeira às escuras, e ainda não obtivemos retorno da secretaria - lamenta a diretora.

Atingidas por infiltrações, as paredes da construção de alvenaria dão choques, e, segundo Simone, existe o temor de que a laje que fica sobre a escada ceda.

Em nome da Secretaria Estadual de Educação, a coordenadora-adjunta da 1ª CRE, Lúcia Wendland, afirmou que uma obra no pavilhão de madeira começará em março ou abril.

Falta de professores

O secretário estadual de Educação, José Clovis de Azevedo, afirmou que a volta às aulas, na maioria das escolas, foi normal. Ele reconheceu, porém, que ocorreram alguns percalços em função de obras emergenciais ainda em execução.

Sobre a falta de professores, o secretário atribuiu aos pedidos de dispensa de contratados. Segundo ele, são 21 mil professores com esse regime de trabalho, e que podem solicitar desligamento de um dia para o outro.

- Precisamos chamar professores do banco e isso leva de oito a 15 dias - afirma.

Sua escola tem falta de professor? Nos avise: 3218-1685 ou www.facebook.com/diariogaucho


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