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Greve contra a fome

1,4 mil professores sem lanchar, 17 mil alunos sem estudar em Sapucaia do Sul

Docentes da rede municipal se queixam de decisão que impede que eles se alimentem da merenda escolar

01/03/2013 - 07h22min

Atualizada em: 01/03/2013 - 07h22min


Educadores nem deram a largada no ano letivo

Se, para a gurizada, é impossível aprender de barriga vazia, para professores da rede municipal de Sapucaia do Sul, a falta de alimentação levou à suspensão das aulas em 27 escolas e à indefinição sobre o início do ano letivo para 17 mil alunos.

O impasse se instalou na sexta passada, quando o secretário municipal de Educação, Edson Portilho, anunciou que os educadores não poderiam mais se alimentar da merenda escolar. O motivo é uma ação civil pública contra o município alegando que essa situação seria irregular. Segundo o secretário, o documento foi assinado por dois partidos de oposição.

Como a categoria não tem vale-refeição, optou pela paralisação - há 1,4 mil servidores mobilizados.

- Estão lutando, têm razão, mas estava irregular o tempo todo. A merenda é do aluno - garante Edson.

Reunião hoje à tarde

De acordo com a Lei 11.947, de 2009, que estabelece o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), o benefício é destinado ao estudante. O governo federal repassa uma verba para a merenda, e os municípios e os Estados têm de complementar o valor.

A categoria quer assegurar o direito a vale-refeição, como destaca a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Sapucaia do Sul, Valéria Becker:

- Estamos aguardando proposta. Se isso não ocorrer, as aulas não retornam.

Uma reunião ocorre hoje, às 14h, entre trabalhadores e o prefeito Vilmar Ballin. Além da merenda, os professores querem plano de saúde, revisão do plano de carreira e melhores condições de estrutura.

Saudade do colégio

Ela está com a mochila preparada e cheia de ansiedade para frequentar a quarta série na Escola José Plácido de Castro. Mas Camille Rodrigues, nove anos, não pode sair do portão. Com o material cheirando a novo, ela não vê a hora de retomar os estudos.

- Não tô achando muito bom, sinto falta do colégio e das minhas amigas também - revela a menina.

A mãe, a auxiliar de serviços gerais Loaci Silveira Rodrigues, 53 anos, está chateada com a situação:

- Ela está sentindo um monte.

Merenda é o almoço

Na Escola Municipal de Ensino Fundamental José Plácido de Castro, no Bairro Walderes, os 28 professores e oito funcionários passaram o dia no colégio, mesmo com as salas de aula vazias.

- Estamos abertos à discussão, mas a merenda é o nosso almoço - explica a professora Sandra Regina Mesquita.

No meio do impasse, alunos como Bruna Aranda dos Santos, seis anos, tiveram as férias prolongadas. A avó, Eluza Rosa dos Santos, 59 anos, considera o protesto justo, mas teme por prejuízos:

- Acho que estão certos nesse pedido, mas tem o outro lado, das crianças ficarem atrasadas.


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