Fim de uma era
Aos 58 anos, morre o presidente da Venezuela Hugo Chávez
Câncer na região pélvica põe fim a 14 anos de governo
O presidente Hugo Chávez morreu nesta terça-feira, em Caracas, aos 58 anos, vítima de complicações de um câncer na região pélvica.
O venezuelano ocupava o cargo desde 1999 e era o líder democrático mais longevo da história recente da América Latina, tendo sido reeleito para o quarto mandato consecutivo no último mês de outubro. O período terminaria em 2019.
Segundo nota do Ministério das Comunicações venezuelano, emitida nesta segunda-feira, o estado do presidente só tendia a piorar:
- A função respiratória do presidente piorou devido a uma nova e severa infecção e seu estado geral continua sendo muito delicado.
O presidente venezuelano já não era ouvido desde 10 de dezembro em seu país e só foi visto em fotografias divulgadas pouco antes de retornar a Caracas. Até hoje, respirava através de um tubo na traqueia como consequência de complicações respiratórias originadas de uma infecção no pós-operatório.
O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez um discurso emocionado e pediu para que "Chávez viva para sempre no coração dos venezuelanos".
- Pedimos respeito. Continuamos, nas próximas horas, informando todos os planos para fazer as homenagens ao nosso comandante Hugo Chávez!
Polêmicas no rumo do poder
Nascido em Sabaneta, em 28 de julho de 1954, era o 56º presidente da Venezuela. Dizia-se o líder da revolução bolivariana, cujo objetivo era implantar o socialismo do século 21.
Oficial militar, Chávez fundou o Movimento Quinta República, de esquerda, depois de liderar uma tentativa de golpe de Estado contra o governo de Carlos Andrés Pérez. Em 1998, foi eleito presidente pela primeira vez, levantando a bandeira do combate contra a pobreza. Com o respaldo de numerosos referendos e eleições, reelegeu-se em 2000 (uma espécie de referendo que confirmou seu mandato), 2006 e 2012.
Em seus governos, o assistencialismo se fez nas formas de missões bolivarianas, a base de toda uma política lastreada na exportação de petróleo. Pelas missões, saúde, educação e miséria eram o alvo.
Popular, aglutinou siglas de esquerda no Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), centralizou o poder com mão de ferro e, aproveitando-se também de erros estratégicos da oposição, passou a controlar a Assembleia Nacional (o Legislativo venezuelano) e o Tribunal Supremo de Justiça (a mais alta corte). Enfim, sobressaiu-se aos três poderes.
A tal ponto chegou o filho dos professores Hugo de los Reyes Chávez e Elena Frías de Chávez. Desde cedo, ele frequentou escolas de qualidade e praticou baseball. Até que, aos 17 anos, ingressou na Academia Militar da Venezuela, graduando-se, em 1975, em Ciências e Artes Militares, ramo de Engenharia. Tornou-se tenente-coronel e passou a conspirar para a conquista do poder, com um discurso populista acompanhado de práticas que foram se aperfeiçoando do golpe ao voto.
Em meio a essa trajetória, Chávez se casou com Nancy Colmenares - com quem teve três filhos (Rosa Virginia, María Gabriela e Hugo Rafael) - e Marisabel Rodríguez, de quem se separou em 2003 e com quem teve uma filha, Rosinés.