Boas notícias
Corte dos impostos começa pela carne
Desoneração tributária começará a ser percebida hoje no bolso do brasileiro. Tendência é que produtos da cesta básica tenham redução média de 6,7%
A notícia do corte de impostos federais em itens da cesta básica, divulgada pela presidente Dilma Rousseff na semana passada, ainda é vista com desconfiança pelos consumidores. Muita gente ainda não tem certeza se a desoneração tributária (governo reduz a mordida nos impostos para comerciantes) fará diferença no orçamento doméstico.
A carne será o primeiro item a apresentar redução: média de 5% para a carne bovina e 8% no preço final do frango. Já será possível perceber a boa notícia a partir de hoje. Ou seja: um corte de ave que custava R$ 10, passará a valer R$ 9,20.
De acordo com a Associação Gaúcha dos Supermercados (Agas), a carne é a primeira por ser perecível e ser adquirida diariamente pelo setor. Os demais produtos impactados pela desoneração terão os preços diminuídos a partir de amanhã e, durante os próximos 15 dias, a queda já poderá ser sentida em todos os itens desonerados na medida provisória.
Variação será entre 3% e 15%
O presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, prevê diminuição média imediata de 6,7% nos preços da cesta básica dos brasileiros.
A redução de preços ao consumidor, que deve variar entre 3% e 15%, dependendo do produto, não será o único benefício do corte de PIS/Cofins e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Poder de compra crescerá 8%
Antônio afirma que a baixa dos preços deve ocasionar um aumento direto de 8% no poder de compra das famílias com renda de até dois salários mínimos e gerar cerca de 880 mil novos postos de trabalho em todo o país.
Itens como leite em pó, leite pasteurizado, queijos, ovos, verdura, feijão, frutas, arroz, farinha de milho, farinha de mandioca, massas, farinha de trigo e pão já estavam desonerados pelo governo e, por isso, não haverá qualquer redução ao consumidor nestes produtos.
Na expectativa por boas notícias
Acostumada a fazer as compras da casa, a auxiliar de perecíveis Luciane Rosa, 37 anos, mescla curiosidade e ansiedade:
- Disseram que iam diminuir os preços, mas talvez isso ainda esteja no papel. Mas estou animada.
Ela controla o orçamento, faz pesquisa e compra quando encontra os menores preços.
- Venho ao súper e compro o que está faltando e que esteja mais em conta, em promoções. Sempre noto a diferença nos preços - diz Luciane.
Quando perceber que o corte chegou ao bolso da família de cinco membros, ela planeja:
- Quero trocar os lençóis de três camas de solteiro e uma de casal e nunca sobra dinheiro.
Embora não saiba o tamanho da despesa com alimentação - o brasileiro gasta, em média, 20% do que ganha para se alimentar -, o taxista Luizmar Rodrigues Barbosa, 60 anos, e a esposa Elizabete, sabem que a família consome seis garrafas de óleo de soja por mês. Como o item está entre os que vão ficar mais baratos, ele espera perceber a diferença no caixa.
Saiba mais
16 itens que terão redução: carnes (bovina, suína, aves e peixes), arroz, feijão, ovo, leite integral, café, açúcar, farinhas, pão, óleo, manteiga, frutas, legumes, sabonete, papel higiênico e pasta de dentes.
A redução de preços ao consumidor vai variar entre 3% e 15% no preço final.
Movimento acha redução fraca
A presidente do Movimento das Donas de Casa e Consumidores do Rio Grande do Sul, Edy Maria Mussoi, acredita que o corte nos impostos não significará uma grande redução nos gastos do consumidor:
- O tributo que mais pesa nos produtos é o ICMS, que é estadual. Vamos insistir para sermos recebidos pelo governador Tarso Genro para tratar desse assunto - afirmou Edy.
Uma ordem do ministro
Os comerciantes não aproveitarão o abatimento de impostos para aumentar o lucro. A garantia foi dada ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, após se reunir com representantes dos supermercados brasileiros, e também da indústria alimentícia. Ele solicitou que seja feito o mais rapidamente possível o repasse da redução de tributos sobre a cesta básica para os preços ao consumidor:
- É importante que essa medida chegue logo à prateleira. O setor se comprometeu a reduzir o mais depressa possível.
Apesar deste otimismo, o comerciante não é obrigado por lei a abrir mão de um lucro maior.