Saúde
Médicos estão em falta em dois postos de saúde no Bairro Restinga, na Capital
Carência de profissionais prejudica o atendimento em dois postos de Estratégia da Família. Alguns serviços estão suspensos
A situação de dois postos de Estratégia de Saúde da Família que, juntos, atendem mais de 15 mil pessoas, coloca a saúde da Restinga em uma situação preocupante. No PSF Quinta Unidade, os dois médicos responsáveis pelo atendimento de mais de 7 mil pacientes foram embora há uma semana. E o único dentista, há cerca de um mês.
Diante da falta dos profissionais, atividades como os grupos de hipertensos e diabéticos, que ocorrem toda a semana, foram interrompidas, prejudicando pacientes como Nelzi Alves Andrade, 55 anos. Ela utiliza medicação para as duas doenças e, além de paciente, é integrante do conselho local de saúde.
- Os dois médicos saíram no mesmo dia. Tá todo mundo prejudicado, a gente depende do médico e tá sem nada - desabafa.
Outra usuária que está sofrendo com o desfalque da equipe no posto de saúde é a telefonista Lídia Ferreira, 56 anos. Depois de um tratamento de canal, ela precisa fazer uma restauração em um dos dentes.
Sem dentista, sem cirurgia
A medida é urgente também por um outro motivo: ela aguarda por uma cirurgia na coluna que poderia ocorrer a qualquer momento. Mas o médico já avisou que, sem passar pelo dentista, ela não pode entrar no bloco cirúrgico, pois o risco de infecção se torna alto.
Orientada a procurar um serviço de emergência, Lídia se vê impotente para realizar o deslocamento, já que não pode andar de ônibus em função dos problemas na coluna.
- Eu não posso baixar com esse dente aberto, mas não tenho condições de ir em outro lugar. Não sei mais o que fazer - lamenta.
As explicações da secretaria da Saúde
O secretário de Saúde de Porto Alegre, Carlos Henrique Casartelli, admite a falta de médicos e dentistas no PSF Quinta Unidade. Enquanto a equipe não fica completa, os pacientes serão encaminhados para atendimento no PSF Ponta Grossa. Os novos profissionais, aprovados no concurso do Imesf, estão sendo chamados.
Sobre o PSF Castelo, ele também reconhece que faltam dois médicos e outros profissionais. Para suprir essa demanda, relata que foi realizado um contrato emergencial, e um novo está em andamento. Além disso, haverá dois concursos para a área em breve.
Burocracia parou a obra
Em paralelo a isso, um estudo sobre como fixar o profissional de saúde nas Estratégias de Saúde da Família está sendo executado.
Sobre a obra parada do novo prédio do PSF Castelo, Casartelli esclarece que a empresa vencedora da licitação teve o contrato desfeito com a prefeitura, porque o serviço não evoluiu. Devido aos trâmites legais, esse processo demorou.
Na próxima semana, a segunda empresa vencedora da licitação será chamada para uma reunião e, se ela aceitar assumir o serviço, a construção pode começar ainda este mês. Caso isso não ocorra, uma nova concorrência pública deverá ser realizada.
Obra do PSF Castelo está parada e tomada pelo mato
Em outra unidade do bairro, no PSF Castelo, apenas um dos três médicos previstos está atendendo a população. Além disso, faltam agentes comunitários de saúde e técnicos de Enfermagem.
Somada às deficiências na equipe de profissionais, está a dificuldade no espaço físico. Para ser atendidos no atual prédio que abriga o posto, os moradores formam uma fila que toma a rua. Para solucionar o problema, uma nova sede começou a ser construída, em dezembro de 2011.
Mas o que se vê hoje, no terreno doado ao lado do Corpo de Bombeiros da Restinga, está longe de ser uma unidade de saúde. A construção não saiu da fundação e está tomada pelo mato.
- Tá aí a obra. Já venceu o prazo e ninguém mais apareceu aqui - relata o conselheiro distrital de Saúde da Restinga, Heverson Cunha.