Combate
Vítima da dengue conta seu drama: "Dias terríveis"
Números de pessoas infectadas na Capital chega a 82, dos 44 contraíram a doença na cidade. Diário ouviu vítima do mosquito
A dengue avança em ritmo acelerado na Capital. Em uma semana, aumentou 41%. O número de casos confirmados passou de 58 para 82 - maior do que a soma de 2011 (46) e 2012 (25). Segundo a Coordenadoria-Geral de Vigilância em Saúde, 38 pessoas adquiriram a doença em outros Estados e 44 (antes eram 25) são autóctones (contraídos na cidade). Nos anos 2000, situação pior que a atual somente a de 2002, quando foram 124 doentes. Ou seja: vivemos a pior situação da última década.
E a situação tende a se complicar mais - a Secretaria Municipal da Saúde aguarda ainda o resultado de 155 exames feitos no Laboratório Central do Estado (Lacen), dos quais 53 foram feitos em pessoas sem histórico de viagem.
Teve febre por sete dias? Te liga!
O alerta epidemiológico emitido desde a confirmação do primeiro caso em fevereiro será reforçado. A secretaria está recomendando o máximo de atenção a pacientes que apresentarem febre com duração de até sete dias acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores musculares e nas articulações e manchas na pele. Todo o caso suspeito deve ser informado aos serviços de saúde.
Automedicação traz risco de morte
A dengue é uma doença febril aguda, de causa viral, que pode ter evolução benigna ou grave, quando se manifesta na forma hemorrágica. Se o cidadão se automedicar, corre risco de morte.
A doença é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti - menor que um pernilongo comum, de cor preta e com pequenas manchas brancas no corpo e nas patas. A melhor forma de se proteger é evitar acúmulo de água.
Abaixo, leia o depoimento de uma senhora que passou pelo drama.
Os 44 casos contraídos na Capital
Partenon - 23
Santana - 4
Navegantes - 3
São José - 3
Chácara das Pedras - 2
Bom Jesus - 2
Santo Antônio - 2
Cristal - 2
Jardim Botânico - 1
Vila Jardim - 1
Santa Maria Goretti - 1
Força-tarefa agiliza a fiscalização nos bairros
Vários órgãos da prefeitura estão agilizando o combate à dengue. No começo da semana, a força-tarefa da fiscalização esteve em ruas do Bairro Santana, onde vivem quatro pessoas infectadas. Conforme dados da Vigilância em Saúde, as maiores dificuldades encontradas pelos agentes de combate a endemias são em locais como terrenos baldios, obras paradas, móveis fechados e ferros- velhos.
- A população está ajudando, mas precisa ajudar mais. A situação é muito preocupante. Estamos vivendo uma epidemia no país. Em Minas Gerais, há milhares de casos (24,2 mil confirmados) - disse o coordenador da Vigilância Sanitária Municipal, João Carlos Sangiovanni.
Participaram da ação o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), secretarias de Obras e Viação (Smov), Fazenda, Produção, Indústria e Comércio (Smic) e Segurança, Procuradoria-Geral do Município, além da Defesa Civil e Guarda Municipal.
Números da ameaça
Porto Alegre vive segundo pior ano do século:
Ano mais crítico, 2002: 124 casos
2013 - 82
2011 - 46
2012 - 25
2010 - 44
Demais anos - 2009 (11), 2008 (28), 2007 (20), 2006 (19), 2005 (13), 2004 (três), 2003 (17) e 2001 (11)
Números da prefeitura, entre autóctones e contraídos fora do Rio Grande do Sul.
No Estado
Em 2013, 770 casos suspeitos até agora, 148 casos confirmados, dos quais 58 autóctones (contraídos no Estado)
Em 2010, o Rio Grande do Sul enfrentou a maior epidemia de dengue da sua história. Foram 3.497 doentes, sendo 3.366 contraídos em território gaúcho (96%).
"Eu fiquei apavorada"
Por Renato Dornelles - renato.dorneles@diariogaucho.com.br
Em 71 anos de vida, a doméstica Teresinha Rodrigues Escouto ainda não havia passado por situação semelhante. No início deste mês, com muitas dores na cabeça e pelo corpo, ela foi a clínicas, postos de saúde e emergência hospitalar, até que saiu o diagnóstico: dengue.
Foram "dias terríveis" até a cura. Além do sofrimento físico e da sensação de impotência, teve a rotina (e a de sua família) alterada. Foram quatro dias hospitalizada e 15 dias longe do trabalho. Ela mora na Vila Sossego, no Bairro Santana, trabalha no Bairro Boa Vista e não sabe onde contraiu a doença. Depois do que passou, pede que "todos os moradores" sejam precavidos.
Diário Gaúcho - A senhora tem ideia de quando e onde contraiu dengue?
Teresinha Rodrigues Escouto - Não faço ideia. Saio de casa todos os dias às 9h e volto às 18h. De um dia para o outro, fiquei ruim. Muito ruim mesmo.
Diário - O que a senhora sentia?
Teresinha - Dores muito fortes na cabeça e pelo corpo inteiro. Não conseguia caminhar, nem ficar sentada, não podia fazer nada. E fiquei com febre.
Diário - Pensou que fosse dengue?
Teresinha - A gente vê na tevê, ouve no rádio, lê no jornal sobre a doença, mas não imagina que possa acontecer com a gente.
Diário - Quando buscou atendimento?
Teresinha - Um dia depois que apareceram as dores, fui numa clínica e me encaminharam para um posto. Fui atendida, mas não falaram em dengue. Ainda fui em outra clínica, antes de ir ao Hospital de Clínicas. Isso foi numa quinta-feira (7 de março). Na emergência do hospital fizeram os exames e nem me deixaram sair. Fiquei cinco dias lá.
Diário - E quando lhe avisaram que era dengue...
Teresinha - Fiquei apavorada. Sabia que essa doença existia, mas não sabia que era assim, tão forte. Meu marido (aposentado, Vernei Silva, 67 anos) e meus filhos também ficaram bem assustados, bem abalados. Ele acabou ficando quase todo o tempo comigo no hospital.
O que fazer em casa
Não acumule lixo em casa ou no pátio.
Revise as calhas e remova folhas que obstruem o fluxo da água.
Providencie telas milimétricas para os ralos ou adicione sal ou água sanitária.
Piscinas de plástico devem ser revisadas semanalmente.
Piscinas fixas devem ter a cloração frequente. Se foram tapadas, verifique se a lona não acumula água.
Coloque terra nos pratinhos dos vasos de plantas.
Receba agentes da SMS (têm crachá, boné e colete cinza e azul).
Duvida da legitimidade deles? Disque 156.
Avise à Saúde - Casos suspeitos devem ser informados à Vigilância em Saúde pelos telefones 3289-2471 e 3289-2472.