Saudade
Amigas se reencontram após 40 anos
Cineida Ferreira da Rocha, 60 anos, e Norma Lígia do Nascimento, 62 anos, tiveram oportunidade de trocarem um abraço fraterno
O que são 40 anos? É o tempo suficiente para mudar o cabelo, sair da adolescência, virar mãe e ganhar experiência na vida. A visão, quatro décadas depois, pode também não ser mais a mesma que as garotinhas que moravam na Vila São José, no Bairro Partenon, esbanjavam.
Mesmo sendo tempo de mudanças, existem coisas que seguem exatamente iguais. Ainda que de longe. Mas e quando o destino separa duas amigas, sem aviso prévio?
Era o caso de Cineida Ferreira da Rocha, 60 anos, e Norma Lígia do Nascimento, 62 anos.
- Nós morávamos lado a lado. Nos criamos juntas, mas saí de lá com 18 anos e nunca mais nos vimos - lembra Cineida, que hoje está aposentada.
● "Fui correndo comprar o jornal"
A saudade de quase meio século da amiga, considerada uma irmã na juventude, fez com que a moradora do Bairro Azenha tomasse uma atitude. Com a ajuda da filha, a técnica em enfermagem Letícia Ferreira da Rocha, 31 anos, mandou um email para a seção Onde Anda Você?, do Diário Gaúcho. Tudo o que lembrava, como nome de irmãos e pai de Norma, colocou no anúncio.
Nem elas imaginavam que cerca de 10km apenas as separavam. Do Bairro Passo DAreia, Norma recebeu uma ligação do ex-genro, contanto que Cineida estava procurando por ela. Deste momento em diante, a amiga procurada não pensava em outra coisa que não o abraço que daria em Cineida quando a encontrasse.
- Eu não saio muito em função da minha filha, que é cadeirante. Mas depois daquela
ligação, fui correndo comprar o jornal - conta Norma.
● Encontro teve mural com fotos
Depois da troca de telefones, chegou o momento do reencontro. Para a visita mais esperada dos últimos anos, Cineida e a filha trataram de revirar o baú e acharam fotos de quando as amigas não se desgrudavam, ainda na adolescência. Algumas foram selecionadas e coladas em uma cartolina. A surpresa foi colocada próximo à porta de entrada. Assim que Norma entrou na casa da amiga, um abraço prolongado selou a promessa de que, mesmo com as idas e vindas da vida, nunca mais se separarão.
- É como se não tivesse existido todo este tempo. Estou radiante, e nunca mais vamos perder o contato - anima-se Norma.
Agora, a prioridade é colocar em dia um papo de mais de quatro décadas. E comemorar o afeto.