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Invisíveis

Com cara de Ex-invisíveis

Após terem suas histórias mostradas no DG, algumas famílias tiveram mudanças positivas

18/05/2013 - 10h20min

Atualizada em: 18/05/2013 - 10h20min


Invisíveis eles não são mais. Um mês depois que tiveram suas histórias publicadas no Diário Gaúcho, na série de reportagens que retratou a pobreza em Porto Alegre, sete famílias das regiões periféricas da cidade tiveram mudanças positivas, que acabaram atingindo também a vizinhança.


Uma pesquisa está sendo realizada por especialistas da Ufrgs e da Pucrs, a Defensoria Pública da União foi à Restinga e a Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores deu encaminhamentos para alguns problemas de cada família.


Perfil da pobreza


Motivados pela série do Diário, um grupo de 20 alunos dos cursos de Economia e de Psicologia da Ufrgs e professores da instituição e da Pucrs recomeçou, sábado passado, a pesquisa que há cinco anos estudou a pobreza em Porto Alegre. O levantamento começou pela Ilha Grande dos Marinheiros.


Com olhar inicialmente desconfiado, Sandra da Cruz Rodrigues, 21 anos, atendeu ao chamado do professor Flávio Comim. Ao aceitar responder as questões por 15 minutos, Sandra passou a fazer parte de uma pesquisa que pretende ouvir, pelo menos, mil moradores de Porto Alegre para traçar o novo perfil da pobreza.


- Vamos mapear a cidade, a partir das regiões visitadas pelo Diário Gaúcho (Restinga, Mario Quintana e Partenon). Nossa ideia é visitar as áreas mais vulneráveis durante um mês. O resultado da pesquisa deverá ser divulgado no final do primeiro semestre - ressaltou Flávio.


Uma das primeiras a responder as perguntas, Sandra, que tem uma renda mensal de R$ 450 para sustentar três filhos, fez questão de ressaltar a vergonha que sente por ser pobre.


- Muitas vezes já me senti excluída, injustiçada e humilhada por ser pobre. Não quero que meus filhos passem por isso - ressaltou.


Trabalho nas vilas


A presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana da Câmara, Fernanda Melchionna encontrou a família de Adão, providenciando documentos e agilizando cadastramentos em programas sociais. Um relatório foi encaminhado ao Secretário de Direitos Humanos, Luciano Marcantônio. Então, o Demhab entrou em ação.


- O próximo passo é a solicitação de água encanada - revelou a vereadora.


Vanessa Cruz Barbosa, 30 anos, na Restinga, está recebendo o acompanhamento da comissão para conseguir o benefício da aposentadoria: ela sofre de doença degenerativa. Desde a matéria, ela passou a receber ajuda de anônimos.


- Ganhei uma cama nova. Muitas roupas e calçados dividi com os vizinhos - disse Vanessa, mãe de Laion, seis anos, e Lorenzo, dois.


DPU na comunidade


Os olhos marejados do ex-jóquei Adão Jesus César de César, 58 anos, da Vila Chácara do Banco, na Restinga, deram lugar a um sorriso. Desde que ele e a família tiveram a história estampada no jornal, a vida tomou um novo rumo. De cara, recebeu uma enxurrada de doações. Um empresário doará uma casa a Adão, que vive com a mulher e os quatro filhos num estábulo.


Na quarta passada, Adão e a família participaram de um evento promovido pela Defensoria Pública da União no RS na sua vila. Dois defensores prestaram atendimento jurídico aos moradores, tirando dúvidas previdenciárias. A decisão de visitar o bairro surgiu a partir da série Invisíveis.


De acordo com a defensora Fabiane Lima Monte, foram abertos quatro processos para a família de Adão relativos a benefício assistencial de deficiente para a Maria Helena, regularização da situação fundiária da área e a situação com o Dmae (a partir daí, poderia ser construída uma nova casa) e enquadramento da família nos benefícios assistenciais federais.


- Não pensava que isso tudo poderia ocorrer. Estou muito feliz - revelou Adão.


AÇÃO VOLUNTÁRIA


Uma rede de solidariedade formada por leitores se formou desde o primeiro dia de reportagens. Os grupos de voluntários Corrente do Bem-RS/Brasil e Espírito de Solidário farão, em 9 de junho, uma ação para arrecadar alimentos e produtos de higiene e limpeza. O mutirão será na Redenção (Monumento ao Expedicionário).


- Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos. Estamos projetando uma visita a todas regiões antes de fazermos a ação - contou Luiza Baleeiro Sant'Anna, uma das organizadoras do evento.


E as outras famílias?


- Núbia Nunes Cordeiro, 24 anos, Vila Elo Perdido, Restinga - Já não divide uma cama de solteiro com os quatro filhos. Ganhou um beliche para as crianças e comprou, a prazo, uma cama de casal. Também começou a fazer a parede do banheiro. Mas continua sem água e tomando banho de balde na rua.


- Marco Antônio Marcelino Rolim, 45 anos, Ilha do Pavão - Recebeu a visita do Demhab para ver a situação da residência. Comissão de Direitos Humanos está acompanhando a família.


- Tamires da Rosa Ferreira, 25 anos, Vila Montepio, Mário Quintana - Apesar de estar no Bolsa Família, deve ser cadastrada no Brasil Sem Miséria. Caso está com a Fasc.


- Fabiana Nunes da Silva, 32 anos, Ilha do Pavão - Conseguiu um emprego. Demhab prometeu auxílio.


- Vanessa Oliveira Bandeira, 25 anos, Maria da Conceição, Partenon - Obteve emprego e será amparada pelo Cras.

 

Reveja a reportagem especial sobre Os Invisíveis:


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