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Homenagem

Dia do Gari: Parabéns, Simone e cia!

Para homenagear o profissional que garante a limpeza da cidade, o Diário conta hoje a história de uma guerreira que empunha sua vassoura 15 horas por dia

16/05/2013 - 07h11min

Atualizada em: 16/05/2013 - 07h11min


A caminhada diária é longa. São cerca de 6km a pé e varrendo, durante 15 horas por dia (das 8h às 23h). A lida é da gari Simone Regina da Silva Dávila, 36 anos, que recolhe de ruas do Centro de Porto Alegre a sujeira deixada por pedestres desatentos, por alguns menos educados e, ainda, pelas folhas das árvores e pela poeira levantada no trânsito.


Hoje, a data é dela - Dia do Gari, função que exerce há quatro anos. Sem profissionais como Simone, cujos instrumentos de ação são vassoura, pá e carrinho, as cidades seriam um caos. Sua obrigação é varrer o chão e recolher o que há nas lixeiras.


Em casa, nada de vassoura!


Do alto de seu 1,50m, parece ter um motorzinho nos braços, que varrem sem parar e colaboram para deixar um pouco mais agradável o vaivém de pessoas da Avenida Salgado Filho, entre a Avenida Borges de Medeiros e a Rua Vigário José Inácio.


- Não tenho medo de trabalhar, nem embaixo de chuva.


A cada 20 minutos, em média, Simone faz os 190m em que atua há uma semana. Encontra pedaços de jornais, folhetos, restos de cigarros e até cascas de frutas. A cada trecho, encontra tanto lixo que parece não ter passado ali. Simpática, já fez amizades, como com o empresário Valber Barros, 53 anos.


- Nunca está braba. Em um local limpo, as vendas aumentam - conclui Valber, que é fumante e admite ter de mudar o hábito de largar bituca no chão.


Moradora da Quinta do Portal (Lomba do Pinheiro), é quase só de sua renda que vive a família - a mãe, aposentada, a filha, dez anos, e uma irmã doente. Por isso, Simone decidiu fazer dois contratos com a Cootravipa: recebe em torno de R$ 1,9 mil. Chega em casa só à meia-noite e nem pensa em limpeza:


- Quem varre a casa é a mãe, só quero saber de dormir!


Das crianças à varrição


A decisão de se tornar gari aconteceu quando, em 2009, Simone desistiu de cuidar de crianças da vizinhança:


- As mães não me pagavam. Aí, vi que precisava de um sustento melhor.


Então, buscou a Cootravipa. Com o quarto ano do ensino fundamental concluído, ela diz não ter recebido exigências de escolaridade. Então, no dia 12 de maio daquele ano, começou a atuar como gari, se apaixonou pela área e não parou mais. Sobre o futuro, Simone não pensa em chegar a líder. Ela quer, mesmo, é continuar varrendo.


A Cootravipa funciona na Rua Orfanotrófio, 461, Bairro Alto Teresópolis, na Capital. Informações: 3233-3195, 3233-0687 e 3231-6415.


"É preciso ter consciência"


Observada pela aposentada Iracema Rodrigues, 78 anos, Simone derrete-se toda em um abraço após ouvir elogios à sua atuação nas ruas.


- O trabalho dela é uma coisa muito linda. Todo serviço que é feito com amor é digno. Parabéns a ela - comentou Iracema.


Mas claro que nem todos reconhecem a importância do trabalho de Simone. Às vezes, a impressão que dá é de que não está ali. Mas pior é flagrar alguém jogando lixo no chão e emendando a frase: "és paga para limpar".


- Sei que esse é o meu serviço, mas não custa nada as pessoas colocarem o lixo na lixeira, no carrinho ou me alcançarem nas mãos. Para que jogar no chão? É preciso ter consciência - clama a gari.


Fique por dentro


- O DMLU da Capital tem 768 garis concursados:


- 131 são homens


- 637 são mulheres


- No total, entre os servidores e os terceirizados, o número de garis chega a 2,6 mil. Destes, a maioria pertence à cooperativa de trabalho Cootravipa: 1.141. Eles estão assim divididos:


- 728 homens


- 413 mulheres


- Entre as tarefas, estão varrição de ruas, capina e recolhimento de lixo domiciliar e seletivo.


- Os garis concursados geralmente permanecem entre 12 e 15 anos na rua. O limite é porque a atividade é muito desgastante.


- É comum os garis virarem capatazes ou assumirem funções nas capatazias.


Atividades para a data


Para celebrar o Dia do Gari, o DMLU promoverá a partir de hoje a 8ª Semana Cidade Limpa. À tarde, uma sessão temática na Câmara de Vereadores da Capital homenageará os profissionais.


Além da comemoração, a intenção é conscientizar as pessoas sobre a importância de depositar o lixo nos locais adequados. Amanhã, a Praça Inácio Antônio da Silva, no Belém Novo, recebe um projeto para orientar crianças.


No sábado, o DMLU estará na Redenção, das 10h às 16h, recebendo dúvidas, reclamações e sugestões.


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