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Artesanato com escamas

Ilha da Pintada está na moda

Artesãs produzem biojoias com materiais como couro e escamas de peixe. Neste sábado, será realizado um desfile para lançar peças da nova coleção Rede Poa

18/05/2013 - 11h13min

Atualizada em: 18/05/2013 - 11h13min


Um resgate das raízes açorianas presentes na colonização da Ilha da Pintada foi o ponto de partida para um trabalho artesanal que já ganhou o mundo, com exportações para Espanha, França e Estados Unidos. E vai brilhar nas passarelas neste sábado, no Desfile Ilha Fashion, para o lançamento das peças da Coleção Rede Poa.


As estrelas do evento, aberto ao público a partir das 16h, serão as biojoias feitas com escamas de peixe, como brincos, colares e pulseiras, produzidas pela Art’escama, uma grife mantida por mulheres da comunidade. Peças com couro de peixe, como carteiras e bolsas, também foram confeccionadas.


- A gente foi vendo que isso poderia ser uma forma de renda familiar. Daqui saíram muitas pessoas que aprenderam e foram até vender fora - conta Eny Velloso, 77 anos, nascida e criada na Ilha.


Da história à qualificação


O início do trabalho remete a 1998, quando uma peça com escamas de peixe modeladas e fios de prata, de origem portuguesa, chegou à Ilha por intermédio da educadora popular Teresinha Carvalho da Silva, 69 anos, na época diretora cultural do Instituto Cultural Português. Moradora da região há 20 anos, hoje ela é a presidente do Art’escama.


- Na pesquisa, nós descobrimos que nas ilhas daqui também se tinha o hábito de escamar os peixes - relata Teresinha. 


O próximo passo foi realizar um curso, no ano 2000, com o artista plástico Jones César de Araújo, de Santa Catarina, que ensinou a técnica de trabalhar com escamas para as mulheres locais. A partir daí, foi se organizar e lançar mão da criatividade. 


- Vale a pena, porque é um produto que fica muito bonito - destaca Eny.


De olho na Copa 2014


Para que o projeto se desenvolvesse, foi necessário muito esforço das sócias. Aos poucos, um grupo de apoiadores foi se somando ao trabalho das moradoras, e hoje elas contam com apoio de universidades, profissionais liberais e órgãos públicos e privados.


- Temos de agradecer a eles, sem os parceiros a gente não é nada - destaca Eny. 


Com o apoio da Fundação Banco do Brasil, a grife conseguiu recursos para incrementar o negócio. Abriu um ateliê e uma loja junto ao CTG Madrugada Campeira, na Ilha, e se prepara para receber turistas, especialmente na Copa. 


O PREPARO DA MATÉRIA-PRIMA


- As escamas são compradas no Mercado Público e, normalmente, chegam sujas. Então, são colocadas em um balde com água por dois dias. 


- A água é trocada e o processo se repete, por mais dois dias. 


- Pela terceira vez, ficam de molho, dessa vez em uma água com sabão em pó. No total, são seis dias só para lavar. 


- Depois, as escamas são enxaguadas e colocadas para secar à sombra, também por cerca de dois dias. 


- Quando elas estão secas, o tingimento é feito com produtos naturais, como macela, beterraba, erva-mate e casca de cebola. 


- Eles são fervidos em água, que é coada. Depois as escamas são mergulhadas nessa água já fria, por um dia inteiro, até fixar a cor. Então, é só soltar a imaginação.


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